STF: “Fora da Carta, só resta abuso e autoritarismo”, diz Marco Aurélio
Ministro fez discurso de boas-vindas ao novo presidente do Supremo, Luiz Fux, que assume no lugar de Dias Toffoli
atualizado
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O ministro Marco Aurélio, decano do Supremo Tribunal Federal (mais antigo na Corte) em exercício, no lugar do ministro Celso de Mello, que está em licença médica, fez o discurso de boas-vindas ao novo presidente do STF, Luiz Fux, que assume no lugar de Dias Toffoli. Ao cumprimentar o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), Marco Aurélio mandou alguns recados:
“Vossa Excelência foi eleito com mais de 57 milhões de votos. Mas é presidente de todos os brasileiros. Continue na trajetória à vida. Busque corrigir as desigualdades sociais que tanto nos envergonham. Cuide, especialmente, dos menos afortunados”, disse o ministro ao chefe do Poder Executivo.
O ministro também falou sobre o ofício da magistratura, dizendo que o Judiciário não pode fechar-se em si mesmo. “O magistrado deve ser sensível ao cotidiano da comunidade em que vive, mas sem fazer concessão ao que não é certo, sem se preocupar em agradar”, afirmou.
“Constatamos tempos estranhos. Crise economia e financeira e efeitos de pandemia sem precedentes. A sociedade exige a correção de rumos, mas essa deve acontecer sem atropelos. Não se avança ultrapassando a Constituição”, declarou.
O magistrado também disse que o futuro é incerto. “Aonde vamos parar? Não se sabe. O horizonte é sombrio. Fora da carta da República não há salvação, apenas abuso e autoritarismo”, avaliou.
Marco Aurélio enfatizou a importância da figura do presidente do STF e afirmou que “todo comandante deve saber ouvir, sem deixar de ser a referência maior e, ao mesmo tempo, marinheiro como outro qualquer. Vela pelo entendimento no colegiado, considerando diferentes estilos. Deve ser um algodão entre cristais”.