metropoles.com

STF adia conclusão de julgamento sobre doação de sangue por gays

Até o momento, cinco ministros já votaram. Quatro foram a favor do fim da restrição imposta a homens gay para a doação de sangue

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Giovanna Bembom/Metrópoles
Gays
1 de 1 Gays - Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (25/10) o julgamento da ação que pede o fim da restrição imposta a homens gay para a doação de sangue. Até o momento, cinco ministros votaram. A sessão foi suspensa e a análise do caso será retomado nesta quinta-feira (26) com o voto do ministro Ricardo Lewandowski.

Norteados pelo relator, Edson Fachin, os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux foram a favor do pedido do Partido Socialista Brasileiro (PSB), na tarde de hoje, para declarar inconstitucionais duas normas do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As regras impediam homossexuais de praticarem o ato pelo prazo de um ano após terem relações sexuais.

Segundo a maioria até o momento, as limitações impostas ao grupo promovem um tratamento discriminatório, já que se baseiam na orientação sexual e não nas condutas de risco. “O estabelecimento de grupos de risco, e não de condutas, incorre em discriminação”, afirmou Fachin em seu voto. O ministro Alexandre de Moraes divergiu parcialmente de Fachin.

Grupos x Condutas
Na quarta-feira passada (18), quando o julgamento teve início, Fachin alegou que é a conduta do indivíduo que deve definir quem está apto ou não a realizar a doação, e não a orientação sexual. “Compreendo que essas normativas, ainda que não intencionalmente, resultam por ofender a dignidade da pessoa humana na sua dimensão de autonomia e reconhecimento, porque impede que as pessoas por ela abrangidas sejam como são”, advertiu o ministro.

Primeiro a votar na sessão desta quarta (25), Alexandre de Moraes foi contrário, em parte, ao relator. Durante sua fala, o ministro defendeu que não houve intenção discriminatória por parte dos órgãos com a edição das normas. O que se buscou, segundo o ministro, foi proteger doadores, receptores e profissionais da área da saúde, e não impor entreves aos homens gays em virtude da orientação sexual.

“Não se trata de um ato discriminatório, pois as previsões foram baseadas em estudo técnico-científico, em direito comparado, com a finalidade de proteção do trinômio que rege a Política Nacional de Coleta e Transfusão de Sangue”, avaliou. Com isso, Moraes propôs uma nova sistemática para a doação de sangue por homens gays, dando interpretação conforme a Constituição a um dos dispositivos impugnados.

De acordo com o voto do ministro, deveria ser retirada da norma da Anvisa a exigência da abstinência sexual pelo prazo de 12 meses. Em contrapartida, a resolução passaria a prever que, após a coleta do sangue doado por homens gays, seria respeitado o prazo da janela imunológica — a ser definido pelos órgãos competentes — para, em seguida, realizar o teste e verificar se há ou não contaminação. Em caso negativo, o sangue poderia, então, ser utilizado.

O ministro Luís Roberto Barroso, no entanto, acompanhou o relator. Barroso afirmou que os exames laboratoriais seriam suficientes para resolver a questão e que os atos “importam em restrição discriminatória desproporcional a um grupo já estigmatizado”. Além disso, segundo o ministro, o prazo de um ano de abstinência sexual é “claramente excessivo”: “ou seja, impede o desfrute de uma vida sexual normal”.

Rosa Weber concordou com o relator que as norma, de fato, promovem em seu resultado um tratamento discriminatório, entendimento que foi compartilhado por Luiz Fux. O ministro avaliou que a houve a eleição de um grupo de risco, em vez de conduta de risco.

“Tratamento discriminatório”
Na ação ajuizada pelo PSB, a sigla sustenta que as regras impugnadas violam a dignidade da pessoa humana, o direito fundamental à igualdade, o objetivo fundamental de promover o bem de todos sem discriminações e o princípio da proporcionalidade.

Além dos prejuízos às pessoas atingidas por estas regras, o PSB lembra que a proibição de doação de sangue por homens gays impede a doação de 19 milhões de litros de sangue por ano. “Considerando que em cada doação são coletados, em média, 450 ml de sangue, o desperdício anual de 19 milhões de litros corresponde a um número assombroso de vidas que poderiam sem salvas, mas que acabam desassistidas”, argumenta.

Para o partido, o entrave criado pela norma releva um “absurdo tratamento discriminatório” por parte do Poder Público em função da orientação sexual, além de impedir o exercício da solidariedade.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?