metropoles.com

Senadora cassada por caixa 2 praticou nepotismo enquanto juíza em MT

O marido de Selma Arruda (PSL) trabalhava em seu gabinete de forma voluntária. Conselho Nacional de Justiça determinou o fim da atividade

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Jefferson Rudy/Agência Senado
Selma Arruda
1 de 1 Selma Arruda - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A senadora Selma Arruda (PSL), que teve a candidatura vitoriosa ao Senado cassada, praticou nepotismo quando exercia a função de juíza, de acordo com o entendimento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Seu marido, Norberto Arruda, trabalhava como voluntário no gabinete da 6ª Vara Criminal de Várzea Grande (MT), da qual ela era titular.

O conselheiro Joaquim Falcão determinou, em agosto de 2008, que a atividade fosse encerrada após a constatação de irregularidades. A decisão foi resposta a um pedido de providência feito, na época, pela seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso.

No relatório do conselho, consta que a então juíza justificou que a situação não configurava nepotismo porque o marido não possuía vínculo com o Judiciário do Mato Grosso. Segundo Selma, ele trabalhava “excepcional, eventual e gratuitamente”.

Embora não houvesse recompensa financeira pelo trabalho exercido, o CNJ entendeu que Selma Arruda errou duas vezes em permitir o voluntariado. Além do nepotismo, não houve formalização da atuação de Norberto Arruda no gabinete.

“Assim, conheço e dou provimento ao pedido para determinar à magistrada e ao TJMT que não mais permitam que voluntários prestem serviços sem a devida formalização e que, caso esta seja realizada, não se permita subordinação hierárquica entre servidores”, definiu o conselheiro.

Por meio da assessoria de imprensa, Selma informou que, ao assumir a 2ª Vara Criminal de Cuiabá encontrou “a grande maioria dos processos atrasados, com centenas de condenados com direito a progressão de regime”. Segundo ela, designar um assessor para fazer o atendimento aos familiares em busca de informações “somente atrasaria ainda mais o trabalho”.

“Assim, meu marido, servidor público aposentado, que já me acompanhava diariamente ao fórum, passou a fazer esses atendimentos, agilizando a análise dos processos, pois os assessores ficavam voltados somente para o impulsionamento processual”, acrescentou.

Cassação
Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) cassou, no dia 10 de abril, o mandato da senadora Selma Arruda (PSL) por abuso de poder econômico e caixa 2. A decisão foi unânime (7 a 0). O processo é de autoria do terceiro colocado nas eleições de 2018, o ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD-MT).

Selma e o primeiro suplente, Gilberto Possamai (PSL), foram declarados inelegíveis pelos próximos oito anos. Dessa condenação escapou apenas a segunda suplente da chapa, Cleri Fabiana Mendes (PSL). A parlamentar recorre da decisão.

“Moro de saias”
A ex-juíza Selma Arruda ficou conhecida em Mato Grosso ao julgar ações que levaram à cadeia figuras como o ex-governador Silval Barbosa (MDB) e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do estado José Geraldo Riva.

Na época, ela ficou conhecida como “Moro de saias”, em referência ao também ex-juiz Sergio Moro pela sua atuação em casos envolvendo corrupção.

Após concluir o julgamento de Silval, ela se aposentou e, na sequência, filiou-se ao PSL. Na última sexta-feira (03/05/2019), Selma foi condecorada pelo presidente Jair Bolsonaro

Outro lado
A senadora Selma Arruda, por intermédio da sua assessoria de imprensa, informou que o trabalho do seu marido na vara criminal focava no atendimento de familiares buscando informações no gabinete. Veja a nota na íntegra:

“Quando fui designada, no ano de 2007, para a 2° Vara Criminal de Cuiabá, à época Vara de Execuções Penais de réus que cumpriam pena em regime fechado, encontrei a grande maioria dos processos atrasados, com centenas de condenados com direito a progressão de regime.

O fluxo de familiares buscando informações no Gabinete era grande, de forma que designar um assessor para os atendimentos, somente atrasaria ainda mais o trabalho.

Assim, meu marido, servidor público aposentado, que já me acompanhava diariamente ao fórum, passou a fazer esses atendimentos, agilizando a análise dos processos, pois os assessores ficavam voltados somente para o impulsionamento processual.

Ressalto que quando foi protocolada a representação, não mais jurisdicionava na referida unidade e meu esposo não mais prestava o serviço voluntário no Judiciário de Mato Grosso”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?