“Sem Judiciário forte, não teremos democracia”, afirma Cármen Lúcia
Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) defendeu atuação dos juízes e reforçou o apoio a eles
atualizado
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A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, defendeu a atuação dos juízes brasileiros ao abrir a sessão desta terça-feira (29/8) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), também chefiado por ela.
“Sem o Poder Judiciário forte, o Poder Judiciário livre e o Poder Judiciário imparcial, no sentido de não ter partes, não adotar atitudes parciais, não teremos uma democracia, que é o que Brasil tem na Constituição e espera de uma forma muito especial dos juízes brasileiros para a garantia dos direitos e liberdades dos cidadãos”, declarou Cármen.
A magistrada agradeceu aos juízes do Brasil e reforçou o apoio a eles.Após a revelação dos altos valores pagos a juízes de Mato Grosso, o CNJ decidiu publicar portaria que obriga tribunais de Justiça a enviar ao órgão, em até 10 dias, dados sobre pagamentos aos magistrados. As informações ficarão disponíveis no site do CNJ e poderão ser usadas em procedimentos internos de investigação.
“Não haverá alguém de imaginar que o Conselho Nacional de Justiça, especialmente esta presidência, não tem o maior respeito e principalmente a certeza de que o juiz é necessário para que ele possa trabalhar bem”, ressaltou.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) pagou, em julho, valores líquidos acima do teto constitucional para 97,5% dos magistrados. Levantamento feito pela reportagem aponta que quatro juízes e 12 servidores receberam mais de R$ 100 mil líquidos no mês passado. Atualmente, o teto está fixado em R$ 33.763 equivalente ao salário de um ministro do STF.
O TJ-MG alega que os valores pagos “atendem às disposições legais” e significam o pagamento de “férias vencidas e não gozadas referentes a períodos anteriores e obedecem ao princípio da eficiência e continuidade do serviço público”.
Compreensão
Cármen Lúcia também aproveitou a fala na abertura da sessão do CNJ para agradecer aos juízes brasileiros “por tudo que trabalham, por tudo que se empenham, por tudo que sofrem”.
“Claro que todas as vezes que nós julgamos, uma parte fica insatisfeita com o juiz e isso se transfere cada vez mais sem uma compreensão exata da técnica para a própria pessoa, o que faz com que a nossa não seja uma função fácil. Ela é apenas necessária”, observou.
No último domingo, o Estado publicou os resultados de uma pesquisa mostrando que a onda de rejeição a políticos e autoridades públicas já não se limita ao governo e ao Congresso, alcançando o Poder Judiciário.
Pesquisa Ipsos apontou que, entre julho e agosto, houve aumento significativo da desaprovação a ministros do STF — Cármen Lúcia, por sinal, teve aumento de 11 pontos porcentuais em sua taxa de desaprovação entre julho e agosto, de 36% para 47%.
Em outro momento do discurso, Cármen Lúcia afirmou que o Poder Judiciário é composto de seres humanos que têm “aqui ou acolá alguma falha e é por isso que existem as corregedorias”.