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Temer continuará a ser investigado, diz novo diretor-geral da PF

Fernando Segovia afirmou que investigações envolvendo o presidente e a MP dos Portos terão “celeridade de todos os outros inquéritos”

atualizado

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Fernando Segóvia e Michel Temer
1 de 1 Fernando Segóvia e Michel Temer - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, disse que o presidente Michel Temer (PMDB) continuará a ser investigado “com a celeridade de todos os inquéritos”. A afirmação foi disparada após questionamento de jornalistas na primeira entrevista concedida pelo comandante da PF após sua posse, nesta segunda-feira (20/11). Inicialmente, quando perguntado sobre os inquéritos envolvendo Temer, Segovia havia respondido que as investigações, “em tese”, já estariam concluídas.

“Não temos hoje mais nada a executar dentro dessas investigações, porque, em tese, elas já estariam concluídas”, disse Segovia sobre as denúncias apresentadas pelo ex-procurador da República Rodrigo Janot contra Temer. O presidente foi alvo de duas acusações: uma por corrupção passiva e outra por obstrução de Justiça e organização criminosa. Ambos os processos foram arquivados após votação na Câmara dos Deputados.

Quando questionado sobre a investigação de irregularidades na MP dos Portos, caso que envolve, além de Temer, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures e executivos da empresa Rodrimar, Segovia recuou e afirmou que o presidente “continuará sendo investigado sem nenhum problema”. O presidente Michel Temer foi um dos convidados presentes na transmissão de cargo da direção da Polícia Federal nesta segunda (20), no Ministério da Justiça. Esta foi a primeira vez em que um presidente da República compareceu à cerimônia.

Delações da JBS
O diretor-geral cobrou maior transparência sobre os acordos de delação premiada firmados entre o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e os executivos do grupo J&F. Segovia criticou o ex-PGR e afirmou que, sob o comando da PF, as investigações de crimes envolvendo o conglomerado e o Palácio do Planalto teriam durado muito mais: “Uma única mala talvez não fosse suficiente para dizer se haveria ou não crime”, disse.

O novo comandante da PF pediu esclarecimentos de Janot. “Talvez seria bom [esclarecimentos] para que o Brasil inteiro soubesse como foi conduzida a investigação. Sob a égide da Polícia Federal, teria durado muito mais tempo. Ficou um ponto de interrogação na cabeça dos brasileiros. E quem estabeleceu esse deadline [para o fim das investigações] foi a própria PGR”, afirmou. Segovia disse, contudo, que não há nenhuma investigação em curso no órgão sobre a atuação do ex-PGR.

Segovia questionou as polêmicas envolvendo a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista e do executivo Ricardo Saud. “Por que foi feita naquele momento? Como o senhor Joesley sabia e ganhou milhões de dólares no dia seguinte?”, indagou. Em maio deste ano, os acionistas controladores da JBS realizaram uma venda milionária de ações da holding dias antes de os fatos envolvendo a delação firmada com a PGR se tornarem públicos. A transação é investigada pela operação Tendão de Aquiles, da Polícia Federal.

Inquéritos no STF
Após encontros recentes com a atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Carmén Lúcia, Segovia afirmou que a Polícia Federal definirá um plano de trabalho conjunto com a PGR para que os mais de 150 inquéritos em andamento no Supremo sejam concluídos até a metade do ano que vem, antes do período eleitoral.

“Algumas [investigações] estão numa velocidade aquém do que precisa a população brasileira. Precisamos ter as respostas dessas investigações o mais rápido possível”, afirmou. Segundo Segovia, o direcionamento é acelerar os inquéritos e ampliar o escopo das linhas de investigação a partir da criação de forças-tarefas em conjunto com o Ministério Público Federal. A previsão é de que, daqui a 15 dias, de acordo com o novo diretor-geral, seja apresentado um novo plano de trabalho da Polícia Federal para a conclusão dos inquéritos no STF.

Transmissão de cargo
Fernando Segovia assumiu formalmente o cargo em uma cerimônia na manhã desta segunda-feira (20), no Ministério da Justiça. Estiveram presentes no evento o presidente Michel Temer (PMDB); o ministro da Justiça, Torquato Jardim; o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, além do ex-diretor-geral da PF Leandro Daiello.

Em seu discurso, Segovia pregou uma Polícia Federal “forte e indivisível”, no que classificou como tempos “de um vendaval de dúvidas”. O novo diretor-geral reconheceu a “infeliz disputa institucional de poder” entre o Ministério Público Federal (MPF) e a PF. “O único que se beneficia com essa disputa é o crime organizado”, completou.

Indicação do PMDB e apoiado pelo ex-presidente José Sarney e pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o novo diretor-geral tomou posse no dia 10 de novembro.

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