Salário médio do servidor do Judiciário é o dobro do Executivo
Levantamento realizado pelo Ipea, por meio de cruzamento de dados, revela que mesmo no governo, mulheres ganham menos que homens
atualizado
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Os servidores do Executivo federal receberam, em média, metade do salário do Judiciário federal entre 2007 e 2016: R$ 8 mil ante R$ 16 mil, respectivamente. Já no Legislativo federal, os salários no período foram equivalentes a 90% da remuneração do Judiciário, em torno de R$ 14,3 mil. É o que revela o estudo “Uma análise multidimensional da burocracia pública brasileira em duas décadas (1995-2016)”, que compila dados do Atlas do Estado Brasileiro – plataforma lançada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta terça-feira (18/12).
A pesquisa revelou ainda que, mesmo dentro dos governos, mulheres ganham menos que os homens. No Executivo civil federal, por exemplo, homens ganharam 14% a mais que as mulheres na média entre 2007 e 2016.
O cruzamento de dados disponíveis no atlas revela que as remunerações mensais dos servidores estaduais também variam substancialmente entre os poderes. Em 10 anos (2007-2016), o Executivo apresentou valor médio de 40% (R$ 5,1 mil) das remunerações do Judiciário (R$12 mil) e 51% da remuneração do Legislativo (R$ 8,4 mil). Representando a maioria dos servidores públicos do país, os municípios registraram remuneração inferior às demais esferas, com o Executivo municipal pagando a menor remuneração mensal média (R$ 3 mil).
O estudo mostra, ainda, que o Brasil possui 12 milhões de vínculos públicos, dentre civis e militares. Apenas em 2017, a sociedade brasileira dispendeu R$ 725 bilhões com servidores ativos, o que corresponde a 10,7% do PIB brasileiro. A expansão do total de vínculos concentrou-se nos municípios.
Plataforma
A nova plataforma do Ipea disponibiliza, por nível federativo e pelos três poderes, informações como total de vínculos de emprego no setor público, evolução anual da remuneração mensal média, comparações entre civis e militares, diferenças de remuneração por gênero, nível de escolaridade dos servidores e como isso influencia nas remunerações, entre outros dados.
“O propósito do atlas é alinhavar o debate com dados consistentes e de fácil compreensão, para que subsidiem um debate de qualidade pela sociedade”, explicou um dos coordenadores do projeto e pesquisador do Ipea, Félix Garcia Lopes.