Raquel Dodge defende que STF aceite denúncia contra Bolsonaro
O presidenciável é acusado de suposto racismo praticado contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs
atualizado
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Em parecer enviado nesta quinta-feira (28/6) ao ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu o recebimento da denúncia contra o deputado federal e pré-candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro (RJ), por suposto racismo praticado contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs.
A denúncia se refere a uma palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, em abril de 2017. Na ocasião, em pouco mais de uma hora de discurso, o deputado “usou expressões de cunho discriminatório, incitando o ódio e atingindo diretamente vários grupos sociais”. O filho de Bolsonaro fez postagem em seu Twitter à época defendendo a atitude do pai.
De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria-Geral da República, na manifestação enviada ao Supremo, Raquel Dodge rebateu as alegações da defesa de que as declarações do deputado expressaram apenas a opinião política do parlamentar, proferidas no exercício da função, em diálogo com seu eleitorado.Para Raquel, as expressões utilizadas por Bolsonaro ultrapassam a liberdade de pensamento e transbordam para o conteúdo discriminatório e preconceituoso. Na peça, a procuradora-geral rebateu a tentativa da defesa de inserir as declarações racistas em contexto de manifestação política, que poderiam ser acobertadas pela imunidade parlamentar.
Na avaliação da procuradora-geral, os trechos do discurso inseridos na denúncia são suficientes para demonstrar a prática, a indução e a incitação de discriminação e preconceito a uma plateia com mais de 300 ouvintes.
A pena para este crime vai de 1 a 3 anos de reclusão. A procuradora-geral pede ainda o pagamento mínimo de R$ 400 mil, por danos morais coletivos.
Defesa
Em nota, a defesa de Bolsonaro afirmou que “em nada se surpreende com a repetição de palavras e argumentos” da procuradora-geral. “Um parecer, que tem por objeto comentar uma acusação da própria PGR, não deveria mais ocorrer num processo judicial isonômico, pois se dá ao acusador a faculdade de falar duas vezes em seu favor.”