Procurador pede ao CNMP que investigue Janot e casse sua aposentadoria
Moacir Guimarães argumenta que ex-PGR feriu o decoro ao entrar armado no STF com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes
atualizado
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A confissão bombástica do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot sobre a intenção de matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes repercutiu mal entre os procuradores e pode levar a consequências desfavoráveis para ele, mesmo aposentado da carreira. O subprocurador da República Moacir Guimarães Morais Filho, que foi subordinado a Janot na época, requereu nesta sexta-feira (27/09/2019) ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que abra uma investigação contra o ex-PGR, que pode culminar na cassação da sua aposentadoria.
Segundo o jurista, a justificativa para o pedido foi pautada na reportagens publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela revista Veja. Janot contou que, no dia 11 de maio de 2017, foi a uma sessão do STF decidido a matar o ministro Gilmar Mendes. O plano, segundo detalhou, era dar um tiro na cabeça de Mendes e depois tirar a própria vida.
Para Moacir, mesmo o fato tendo ocorrido em 2017 e não ter sido consumado, a responsabilidade de Janot continua existindo. Para o subprocurador, o fato de ele ter admitido ir armado à sessão já é motivo de instauração de procedimento. “Será que o ex-procurador pode ir armado para o Supremo Tribunal Federal e, ainda mais, com a intenção de dar um tiro na cabeça de um ministro? Isso aí não fere o decoro?”, questiona Moacir. “A cassação da aposentadoria pode se impor decorrente da apuração de fatos por este órgão externo ao MPF, razão pela qual o suplicante requer a juntada aos autos da matéria”, destaca Guimarães, em sua petição (veja no final da reportagem).
A declaração de Janot veio justamente às vésperas do lançamento do livro de memórias dele sobre o período em que foi chefe do Ministério Público Federal – de 17 de setembro de 2013 até 17 de setembro de 2017. “Nada Menos que Tudo” (editora Planeta) foi escrito com a colaboração dos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin. As páginas trarão um balanço da atuação de Janot à frente da Operação Lava Jato.
Ele também aproveita para rebater as críticas que recebeu. Uma delas, provocada pela divulgação de uma conversa entre o ex-presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, dono da J&F, conversando sobre um suposto pagamento de propina para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba em função da Lava Jato.
A compilação desses episódios também é motivo de crítica para o subprocurador da República Moacir Guimarães. Para ele, Janot, que está aposentado da função de subprocurador da PGR, está tentando sair do ostracismo e ser novamente manchete de jornais. “Ele está tentando obter lucro com a venda do livro. Aí vem com essa informação de que tentou matar o ministro Gilmar”, avalia Moacir.
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