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PMs são condenados a mais de 600 anos de prisão por chacina de SP

A juíza Élia Kinosita Bulman, chorou ao ler a sentença. Em 2015, 17 pessoas foram mortas na vingança da morte de um policial

atualizado

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Werther Santana / Estadão
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1 de 1 chacina - Foto: Werther Santana / Estadão

Em decisão apertada, o Tribunal do Júri de Osasco condenou nesta sexta-feira (22/9) dois PMs e um GCM por participar da maior chacina da história de São Paulo, que terminou com 17 mortos em agosto de 2015, a mais de 600 anos de prisão em regime fechado, considerando a soma das penas. Responsável por presidir o julgamento, a juíza Élia Kinosita Bulman, chorou ao ler a sentença. Os advogados de defesa vão recorrer.

O soldado da Rota Fabrício Eleutério foi condenado a 255 anos, 7 meses e 10 dias de prisão em regime fechado. O soldado da Força Tática do 42.° Batalhão Thiago Heinklain recebeu 247 anos, 7 meses e 10 dias. Já o GCM de Barueri, Sérgio Manhanhã foi condenado a 100 anos e 10 meses. Ele era acusado de participar de menos assassinatos,11 no total.

Antes de ler a sentença a juíza Élia Kinosita Bulman, da Vara Criminal de Osasco, disse que falaria às famílias das vitimas e chegou a chorar. “Nós que trabalhamos com o Tribunal do Júri, trabalhamos com a dor”, afirmou olhando para duas fileiras do plenário ocupada por parentes dos mortos. “A gente não se acostuma com as vidas perdidas na cidade”.

Para chegar a decisão, o Conselho de Sentença respondeu a cerca de 150 questões. Os réus foram condenados por homicídio doloso triplamente qualificado. Para os jurados houve motivo torpe (vingança pela morte de um PM e de um GCM dias antes da chacina), recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e formação de grupo de extermínio.

Os réus também foram condenados por formação de quadrilha e tentativa de homicídio. Para os condenados Eleutério e Henklain, todas as decisões foram pelo placar mínimo, de 4 a 3. Já para Manhanhã algumas votações acabaram antes da retirada de todas as cédulas.

Já antes da leitura da sentença ser lida, Eleutério chorou de soluçar. Os outros réus se mantiveram serenos até o fim da sessão. Com as 119 cadeiras do plenário ocupadas, a reação da maioria da plateia, formada por familiares e amigos dos réus e por guardas civis de Barueri, foi de tristeza e choro. Entre os ocupantes, também havia membros da OAB e até de uma secretária municipal de Barueri, responsável pela GCM.

“Foi feita justiça. Conseguimos dar a resposta às famílias das vítimas e passar a mensagem que ninguém apoia mais os maus policiais e a justiça com as próprias mãos”, afirmou o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira.

Já o advogado Evandro Capano falou em nome de toda a bancada da defesa. “As penas foram muito pesadas”, disse. Para os advogados, a decisão contraria a prova dos autos e placar apertado denota que ela pode ser questionada.

Foram cinco dias de julgamento, com 21 testemunhas ouvidas, entre familiares e policiais, além de interrogatório dos três réus e debates entre as partes. Do lado de fora do Fórum Criminal de Osasco, faixas em apoio aos dois lados: vítimas e réus.

Houve ao menos dois momentos de tensão. No primeiro, um PM que já chegou a ser preso por suspeita de participar da chacina, e foi arrolado como testemunha de defesa, prestou depoimento virado para o Conselho de Sentença. No outro, o advogado de Eleutério citou, em voz alta, o nome de cada um dos jurados.

O julgamento da chacina também expôs vítimas que eram protegidas da Justiça. Ao menos cinco delas, ouvidas na fase de investigação ou no tribunal, tiveram o nome verdadeiro ou características físicas reveladas ao público.

 

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