Planalto quer adiar decisão do TSE sobre chapa Dilma/Temer para 2018
Julgamento sobre cassação da chapa, reeleita em 2014, pode fazer o peemedebista perder o mandato e tornar a presidente deposta inelegível
atualizado
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Apesar da tentativa de minimizar as consequências do depoimento do herdeiro e ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Michel Temer e seus advogados tentarão prorrogar ao máximo a discussão que pode levar à cassação da chapa formada por Dilma Rousseff (presidente deposta) e por ele (ex-vice presidente), reeleita em 2014. O objetivo do peemedebista é arrastar para o ano que vem o julgamento, que pode fazê-lo perder o mandato, além de tornar a petista inelegível.
Para prorrogar o processo, Temer, que antes tinha pressa na solução do caso, agora está instruindo seus advogados a recorrer à oitiva de testemunhas e a solicitar produção de provas e contraprovas, por meio de documentos e perícias.
A ideia é ouvir pessoas que possam contrapor o relato de ex-executivos da Odebrecht que possam sugerir envolvimento do peemedebista na distribuição de verbas irregulares durante a campanha de 2014.“A possibilidade de ouvir novas testemunhas, ela obviamente sempre existe, mas primeiro a gente gostaria de esperar a oitiva de todas as testemunhas antes de avaliar isso”, disse nesta quarta-feira (1º/3) o advogado de defesa de Temer, Gustavo Guedes. Ele, no entanto, descartou que se trate de uma mudança de estratégia da defesa.
Em nota divulgada também nesta quarta, Guedes afirmou que ainda que é cedo para tomar um posicionamento sobre a estratégia de defesa, uma vez que “ainda não foi cumprida toda a fase de instrução do processo”.
“Esses temas terão de ser apurados com novos depoimentos”, disse o advogado. O término dessa etapa, segundo ele, também é imprevisível, pois depende da quantidade de testemunhas a serem ouvidas.
O Palácio do Planalto também conta com o fato de que o mandato do ministro Hermann Benjamin, relator do processo no TSE, termina em outubro. Além disso, deverão ser feitas outras duas substituições antes dele – em abril termina o mandato do ministro Henrique Neves da Silva e, em maio, de Luciana Lóssio. A entrada de um novo relator exigirá que ele se familiarize com o caso, o que deve atrasar o andamento do processo.
Estratégia
Na hipótese de pedido de oitiva de testemunhas, caso o ministro relator não aceite a proposta dos advogados, eles cogitam recorrer ao plenário do TSE.
Outra ideia que chegou a ser cogitada é o pedido de anulação dos depoimentos, caso as delações apresentem dados novos que possam deixar o presidente Temer em situação delicada. Assessores insistem em dizer, no entanto, que não há como incriminar Temer, porque os caixas de campanha eram separados e o então vice-presidente não protagonizava o governo petista.
Nesta quinta-feira (2), mais dois ex-executivos da Odebrecht serão ouvidos: Benedito Barbosa da Silva Júnior e Fernando Reis, no Rio. Na segunda-feira será a vez de Cláudio Melo Filho e Alexandrino Alencar, prestarem depoimento em Brasília.