PGR pede que Supremo abra inquérito contra Bia Kicis por racismo
Deputada publicou fotos dos ex-ministros Moro e Mandetta pintados de preto (blackface), junto à frase “Não tá fácil pra ninguém”
atualizado
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, ao Supremo Tribunal Federal (STF), abertura de inquérito contra a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) por racismo.
Em setembro do ano passado, a parlamentar bolsonarista usou as redes sociais para criticar processo seletivo da Magazine Luiza reservado para profissionais afrodescendentes. A postagem afirmava que os ex-ministros Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) estariam desempregados e se pintaram de preto para fingir que são negros e conseguir uma vaga no programa.
A prática de pintar o rosto de preto é conhecida como blackface e consiste na caracterização de personagens do teatro com estereótipos racistas atribuídos aos negros.
“Ao fazer alusão à discriminação positiva promovida por uma loja de departamento com programa de trainee exclusivo para candidatos negros, a parlamentar ilustrou a postagem com fotos dos ex-ministros de Estado Sérgio Moro e Luiz Mandetta, por meio do mecanismo de discriminação racial conhecido como blackface”, relatou o vice-procurador-Geral da República, Humberto Jacques Medeiros, no pedido.
A promoção de instauração de inquérito ocorre no âmbito da petição 9198, ajuizada em outubro do ano passado pelo professor Roberto Lourenço Cardoso.
O docente entendeu que, com a postagem, Bia Kicis praticou, induziu e incitou a discriminação e o preconceito de raça e cor, pois utilizou o recurso denominado blackface.
“Chega-se à conclusão de que, em razão de sua conduta criminosa, a ora noticiada deve ser denunciada pela prática do crime capitulado no artigo 20, parágrafo segundo, da Lei 7.716/1989, por flagrantemente ter praticado, induzido e incitado a discriminação e o preconceito à raça negra, bem como a cor preta”, assegurou ele.
Leia o pedido da PGR:
PET 9198 by Tacio Lorran Silva on Scribd
Procurada nesta quarta-feira (17/11), a assessoria da deputada federal Bia Kicis informou ao Metrópoles que a parlamentar não vai se manifestar sobre o pedido da PGR de abertura de inquérito.
À época, Bia Kicis usou as redes para se defender, ao dizer se tratar de “um meme”, e criticar a rede de varejo.
“O povo não consegue mais entender um meme. Sabe quem é racista? A Magazine Luiza e quem mais achar que os negros precisam de favor e ter vaga exclusiva para emprego porque não têm capacidade intelectual. Nem falem que é falta de oportunidade porque pobre branco tem as mesmas dificuldades”, escreveu, em seu perfil no Twitter.
A deputada também disparou contra o Ministério Público do Trabalho, que teria rejeitado ao menos 11 representações contra o programa de trainees por suposto “racismo contra brancos”.
“O MPT inclusive vem falar de reparação histórica. Não entendem nada sobre mérito, dedicação e superação. Nem sobre o Brasil ser o povo da miscigenação. Meu único preconceito é com a má-fé esquerdista. Aliás, é pós conceito diante dos fatos”, afirmou.