PGR examina possibilidade de pedir prisão de Ricardo Teixeira
Ex-presidente da CBF é acusado de desviar parte da renda de jogos amistosos da Seleção Brasileira
atualizado
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) já não descarta a prisão do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e examina informações preliminares que poderiam resultar numa detenção. A decisão será tomada com base nas provas e documentos que o Ministério Público da Espanha enviará ao Brasil.
Na semana que vem, uma reunião de procuradores espanhóis e brasileiros poderá determinar os detalhes da cooperação e, se as informações preliminares forem confirmadas, a tendência é de que ele possa ser detido preventivamente.
Em um primeiro momento, porém, uma ordem internacional de prisão vai chegar ao Brasil. Mas, por enquanto, o alerta da Interpol não foi dado. Fontes próximas ao caso explicam que a demora tem ocorrido do lado espanhol.
Uma vez que a ordem de prisão seja dada, o Ministério Público Federal (MPF) vai solicitar que o processo envolvendo Teixeira seja transferido da Espanha ao Brasil, para que ele possa ser julgado no país natal. Mas, dependendo do grau de detalhes e conteúdo da informação prestada, uma prisão preventiva no Brasil pode ser decretada, com vistas a evitar que o dirigente possa agir para destruir provas.
Numa apuração inicial, procuradores estimam que ele poderia responder por estelionato contra a CBF e apropriação indébita seguida de lavagem de dinheiro. Isso tudo sem contar ainda com crimes contra a ordem fiscal e evasão de divisas.
Cooperação
Uma medida tomada pelo Brasil foi a de demonstrar “boa vontade” com outros pedidos que havia da Espanha para a investigação de casos envolvendo interesses de Madri, no país. Assim, ao cumprir diligências solicitadas pelos espanhóis, o Brasil espera mandar um sinal de que quer acelerar a ajuda no caso envolvendo a CBF.
No próximo dia 26, o tema ainda voltará a ser tratado por procuradores dos dois países. O encontro, que ocorrerá por videoconferência, já estava marcado há semanas e tratará de assuntos diversos. Mas o Brasil quer aproveitar para também tocar na cooperação relacionada a Teixeira e examinar a forma de permitir que o tema tenha continuidade.
A ordem de prisão partiu da juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional em Madri. “Teixeira obteve, de forma indireta, mediante um emaranhado societário que se nutria da renda do acordo da ISE para a Uptrend, grande parte dos 8,3 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões) que a ISE transferiu para a Uptrend pela suposta intermediação desta última”, afirmou. A decisão da juíza é do dia 12 de junho.
Irregularidades
Acordos secretos permitiram que a renda dos jogos da Seleção fosse desviada para uma empresa em nome de Sandro Rosell, aliado de Teixeira e ex-presidente do Barcelona. No mês passado, Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o próprio Teixeira.
Os investigadores concluem, portanto, que “parte dos fundos não foi para a CBF, senão que, de uma forma fraudulenta, foram ao próprio Teixeira”. De acordo com a Audiência Nacional, os fatos apurados levam a crer que o brasileiro acabaria sendo o “destinatário do dinheiro, e não a Confederação (CBF)”.
As autoridades espanholas ainda chegam à constatação de que o delito de Teixeira foi “a apropriação por parte do presidente da CBF dos fundos pagos para obter os direitos dos partidos jogados pela Seleção Brasileira”. Desde a prisão de Rosell, a defesa de Ricardo Teixeira tem negado qualquer tipo de irregularidade.