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Dodge questiona vazamentos e diz ser contra anular sentença de Lula

Raquel Dodge vê “fundada dúvida jurídica” que impede a procedência do habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente

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1 de 1 raquel-dodge-840×5603 - Foto: AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO

Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (21/06/2019), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, mostrou-se contrária ao pedido impetrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que solicita a anulação de ação penal que condenou o petista.

No recurso, os advogados de Lula usaram como base as supostas comunicações entre o então juiz da Lava Jato, Sergio Moro, e o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, divulgadas pelo site The Intercept Brasil. No entanto, para a Procuradoria-Geral da República (PGR), há existência de “fundada dúvida jurídica” que impede a procedência do pedido de suspeição de Moro. A defesa do ex-presidente afirma que as supostas mensagens mostram “completo rompimento da imparcialidade objetiva e subjetiva”.

Em julho de 2017, Moro – à época titular da 13ª Vara Federal no Paraná – condenou o ex-presidente a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Lula teria ocultado o imóvel, recebido da Construtora OAS como vantagem indevida no esquema envolvendo a Petrobras e sido investigado pela Operação Lava Jato.

Mensagens vazadas
Na petição, Raquel Dodge afirma que a alegação de suspeição se ampara em fatos sobre os quais há dúvidas jurídicas. “É que o material publicado pelo site The Intercept Brasil, a que se refere a petição feita pela defesa do paciente, ainda não foi apresentado às autoridades públicas para que sua integridade seja aferida. Diante disso, a sua autenticidade não foi analisada e muito menos confirmada”, destaca em um dos trechos do documento.

A procuradora-geral também menciona o fato de não ter sido aferido se as mensagens foram corrompidas, adulteradas ou se procedem na inteireza de comunicações entre os interlocutores. Segundo ela, essas circunstâncias caracterizam, neste momento, um elevado grau de incerteza, o que impede que sejam usadas como evidência para corroborar a alegação de suspeição do então ministro.

Outro aspecto destacado na manifestação diz respeito à forma como foram obtidas as mensagens que têm sido divulgadas pelo site The Intercept. A procuradora-geral revela preocupação com a informação de que os supostos diálogos tenham sido obtidos de maneira criminosa, o que fere a garantia constitucional à privacidade das comunicações por caracterizar “grave atentado às autoridades constituídas brasileiras”.

Ao lembrar que autoridades públicas, como procuradores da República, juízes e até integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), foram vítimas da ação criminosa, Raquel Dodge frisa ter requisitado inquérito policial para investigar o fato e adotado providências administrativas no âmbito do MPF sobre o tema. “Trata-se de grave e criminoso atentado contra o Estado e suas instituições que está sob a devida apuração pelos órgãos competentes”, complementou.

STF
O julgamento do habeas corpus de Lula está marcado para o dia 25 de junho e, entre os fundamentos para o pedido, estão as recentes publicações pelo site The Interpect Brasil. Nesse caso, as informações foram juntadas no recurso em 13 de junho. O pedido da defesa é contra decisão da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, em abril de 2019, manteve a condenação do petista ao julgar recurso da defesa. A manifestação foi enviada ao relator do caso no STF, o ministro Edson Fachin.

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