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PF prende alvo da Operação Custo Brasil por coação

Marcelo Maran procurou o irmão da testemunha e entregou um envelope pedindo pra mudar o depoimento

atualizado

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1 de 1 PF Polícia Federal - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Polícia Federal prendeu Marcelo Maran, sócio do advogado Guilherme Gonçalves, apontado como responsável pela contabilidade do Fundo Consist, no qual eram movimentados valores recebidos de um esquema de desvio de recursos de empréstimos consignados montado no Ministério do Planejamento entre 2010 e 2015. Maran foi preso nesta quinta-feira (11/8).

O dinheiro do fundo seria usado no pagamento de despesas pessoais do ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento) e também seria empregado em campanhas políticas. A ordem de prisão contra Maran, braço direito de Guilherme Gonçalves, foi despachada pela 6.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, a mesma que recebeu, na semana passada, a denúncia do Ministério Público Federal contra Paulo Bernardo, Maran, Gonçalves e mais 10 pessoas.

O ex-ministro, o advogado e seu sócio são réus pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Segundo a Operação Custo Brasil, Paulo Bernardo teria recebido R$ 7,1 milhões em propinas do esquema Consist. Ele chegou a ser preso no dia 23 de junho, por determinação do juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, mas seis dias depois foi solto por ordem do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.

A defesa do ex-ministro rechaça as suspeitas sobre ele. A advogada Verônica Abdalla Sterman, que defende Paulo Bernardo, afirma que ele não recebeu propinas do esquema Consist.

A força-tarefa da Custo Brasil – missão integrada do Ministério Público Federal e da Polícia Federal – tomou o depoimento de uma testemunha do caso. Essa pessoa já havia sido ouvida na fase de inquérito, pela força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, em julho de 2015.

Na ocasião, a testemunha contou que o dinheiro do Fundo Consist pagava despesas pessoais de Paulo Bernardo e que Marcelo Maran havia dito que o dinheiro era desviado para campanhas políticas também e que o escritório fazia pagamentos por serviços não prestados.

No depoimento anterior, a testemunha contou que Maran tentou “cooptá-lo”, em agosto de 2015, quando ela pediu demissão do escritório de Gonçalves por causa da Operação Pixuleco, fase da Lava Jato que antecedeu a Custo Brasil.

Trecho do depoimento dessa testemunha foi usado na denúncia da Operação Custo Brasil. Quando Maran tomou conhecimento da íntegra da denúncia, procurou o irmão da testemunha que havia trabalhado um ano no escritório de Gonçalves, entregou a ele um envelope com o trecho da denúncia que mencionava o depoimento e disse: “Entregue isto para seu pai e pede para ele conversar com seu irmão, para que ele mude o depoimento dele.”

Para os procuradores da República Andrey Borges de Mendonça, Rodrigo de Grandis, Silvio Luís Martins de Oliveira e Vicente Mandetta, responsáveis pelo caso, “não há dúvida de que Maran tentava cooptar a testemunha e de que agora a ameaçou”.

“A prisão preventiva é necessária para garantia da instrução quando o imputado interfere na produção da prova. No caso, referida interferência se manifesta pela tentativa inicial de cooptar a testemunha para a continuidade do esquema, com o oferecimento de vantagens semelhantes às que Maran recebia, para que não saísse do escritório, e, atualmente, em razão da tentativa de alterar o depoimento da testemunha. A ameaça, embora destinada ao irmão do depoente, possuía clara e certa finalidade: fazer com que a testemunha alterasse seu depoimento e deixasse de incriminar Marcelo Maran”, afirma o Ministério Público Federal no pedido de prisão, que foi acatado pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo.

A reportagem não localizou a defesa de Marcelo Maran.

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