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Para procuradores, eleição definirá futuro da Lava Jato: “2018 será a batalha final”

Integrantes da força-tarefa da operação no RJ, PR e SP se reuniram para trocar experiências na segunda-feira (27/11), no Rio de Janeiro

atualizado

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Após reunião no Rio de Janeiro, na segunda-feira (27/11), 20 procuradores que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio, no Paraná e em São Paulo afirmaram que o resultado das eleições de 2018 definirá o futuro das investigações. Segundo eles, a renovação do Congresso Nacional será determinante aos avanços das apurações pelo país. O grupo chegou a pedir aos eleitores que rejeitem, nas urnas, candidatos envolvidos em denúncias. A informação é do jornal “O Globo“.

A reunião teve o objetivo de aperfeiçoar a colaboração entre os grupos de trabalho em cada estado participante. Ao fim do encontro, os procuradores divulgaram carta na qual reforçam os resultados da maior operação anticorrupção já realizada no país: 416 acusados e 144 condenados a mais de 2.130 anos de prisão.

Segundo o procurador Deltan Dallagnol, do braço paranaense da Lava Jato, mais de 100 parlamentares com mandato hoje no Congresso estão envolvidos em denúncias. Pré-candidatos de 2018 também estão na mira dos investigadores. É o caso, entre outros, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já condenado pelo juiz federal Sérgio Moro, e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), alvo de pedido de abertura de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Tanto pela perspectiva de evitar ataques do Legislativo contra as investigações como pela de avançar reformas, o ano de 2018 é a batalha final da Lava Jato. A operação não vai ser julgada por quem ela prendeu ou condenou. Será julgada pela capacidade de mobilizar a sociedade e catalisar esforços para que reformas contra a corrupção sejam feitas e para que assim possamos alcançar um país mais justo”, destacou Dallagnol.

Segundo ele, isso depende do Congresso eleito em 2018. “Será uma grande vitória se forem eleitos para os cargos de deputado federal e senador candidatos com passado limpo, compromisso com a democracia e com a agenda anticorrupção. O futuro da Lava-Jato será sombrio se em 2019 continuarem os mesmos políticos governando nosso país”, acrescentou.

Câncer
O procurador regional da República José Augusto Vagos, do Rio, comparou a corrupção a um câncer e disse que caberá à sociedade oferecer “a cura”. “Nosso trabalho tem revelado que todo o sistema político está corrompido. Agora, cabe à sociedade avaliar o que deve ser feito. A atuação na repressão penal não vai resolver o problema”, ressaltou.

Vagos lembrou que em seu estado há líderes políticos presos – como os ex-governadores Anthony Garotinho (PR) e Sérgio Cabral (PMDB). “E, mesmo assim, ainda detêm poder sobre o sistema político do estado e até fora dele. O objetivo é, em 2018, desnudado todo esse câncer em metástase, que a gente tem ministrado remédio, que a sociedade possa oferecer a cura”, declarou o procurador.

Apesar do alerta para a “batalha final” da operação, o grupo rejeitou estabelecer um fim para as investigações. Segundo eles, durante o encontro no Rio foi promovida troca de informações que resultará em operações conjuntas no ano que vem. Equipes do Rio e de Curitiba já atuaram juntas em novembro de 2016, na deflagração da Operação Calicute, que levou à prisão Sérgio Cabral.

“Será um ano de muito trabalho”, resumiu Eduardo El Hage, coordenador da força-tarefa carioca. Sem citar nomes, ele afirmou que já foram identificados integrantes da gestão do atual governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em esquemas de corrupção.

“As apurações estão em curso com relação a pessoas detentoras de foro e não podem ser investigados por nós, que atuamos na primeira instância (do Judiciário). O foro privilegiado é um obstáculo enorme para que possamos avançar nas investigações, e esperamos que, em breve, o Congresso ou o Supremo consiga racionalizar esse modelo de foro privilegiado”, ressaltou Hage. O grupo também defende a autonomia do Ministério Público para firmar acordos de delação premiada.

 

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