Para dono do sítio em Atibaia, reforma seria paga por Lula
Em depoimento à coordenadora da Lava Jato, o empresário Fernando Bittar disse não saber o valor gasto em sua propriedade
atualizado
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O empresário Fernando Bittar afirmou em interrogatório nesta segunda-feira (12/11), perante a juíza Gabriela Hardt, que pensava que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em 2017, pagariam pelas reformas no sítio de Atibaia – pivô da terceira ação penal da Operação Lava Jato, no Paraná.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), as obras foram pagas e executadas pelas empreiteiras Odebrecht e OAS como propina para o petista.
A reforma e melhoria do sítio teriam sido providenciadas como propina a Lula das Bittar, Lula e outros 11 são réus nesta ação por corrupção e lavagem de dinheiro.
A Lava Jato afirma que o sítio passou por três reformas: uma sob comando do pecuarista José Carlos Bumlai, no valor de R$ 150 mil, outra da Odebrecht, de R$ 700 mil e uma terceira reforma na cozinha, pela OAS, de R$ 170 mil, em um total de R$ 1,02 milhão.
Segundo os investigadores, parte do valor de propinas da Odebrecht e da OAS para Lula, R$ 870 mil, foi lavada mediante a realização das obras, construção de anexos e outras benfeitorias.
Gabriela Hardt, sucessora de Sérgio Moro na Lava Jato, questionou Bittar se ele sabia o valor gasto por Bumlai na obra. “Não, não tenho ideia. Eu vim saber depois nos autos”, declarou.
“Volto a falar, as obras são simples, foram superdimensionadas, porque elas não são obras de valores vultuosos. Nada que assuste aos olhos.”
A juíza afirmou que “só na parte do Bumlai existe uma planilha bem detalhada de custos que dá R$ 150 mil”. “O sr acha que isso é baixo?”, quis saber.
“Não, não acho um valor baixo, doutora, pelo amor de Deus. A gente não pode menosprezar essa questão do dinheiro e orçamento, haja vista o valor do sítio, mas se tratando do que precisava fazer e com o empresário que é o Bumlai, eu falei: ‘ele tem condição de fazer, eu não teria condições de fazer uma obra’”, disse.
Gabriela perguntou ao empresário se ele achava “normal” um amigo fazer uma obra de R$ 150 mil sem cobrar nada.
“Não, não acho normal, tanto é que eu tenho outra propriedade e ninguém fez uma obra para mim. Foi um caso…”, afirmou Bittar. “Eu não sei dizer se eles (Lula e Marisa) pagaram. Mas na minha cabeça…”
A magistrada emendou. “Mas foi na sua propriedade, o benefício foi para o senhor.”
“Sim. Na minha cabeça, eu imaginava que isso eles teriam que pagar. Eu estava cedendo um espaço para eles construírem alguma coisa”, declarou o empresário.