Palocci pede liberdade e cita 141 horas de depoimentos à Lava Jato
Defesa de ex-ministro alegou que delação que incrimina Lula e Dilma apresentou provas e que ele merece redução de pena
atualizado
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O ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil) pediu, nesta quarta-feira (10/10), a revogação de sua prisão preventiva e a concessão de redução de pena devido a sua efetiva colaboração à polícia e à Justiça pelas revelações e provas apresentadas no âmbito da Operação Lava Jato e em outras apurações. As informações estão no blog do Fausto Macedo, no jornal O Estado de S.Paulo.
Em pedido apresentado pela defesa ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o delator enumera as provas apresentadas, como “dois contratos fictícios”, “e-mails”, anotações feitas em sua agenda e em uma tabela “que confirma como era realizada a arrecadação de vantagens indevidas” por ele e por “outras pessoas mencionadas em sua colaboração”.
A delação de Palocci incrimina os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, com quem ele trabalhou no governo e, em especial, nas campanhas eleitorais.
Entre outras coisas o delator narra cobrança de arrecadação de propinas “explícita” feito por Lula no caso das construções de navios-sondas para explorar o petróleo do pré-sal e negócios ilícitos na África, entre outros.
A petição de 16 páginas assinada pelos criminalistas Tracy Reinaldet e Matteus Macedo foi apresentada na apelação criminal em que recorre contra condenação dada pelo juiz federal Sérgio Moro.
A delação premiada de Palocci com a Polícia Fedetal foi homologada em Junho, pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF4, a segunda instância dos processos de Curitiba.
Prisão em casa
Parcialmente tornada pública no dia 1 pelo juiz federal Sérgio Moro, dos processos de primeiro grau em Curitiba, Palocci busca com a delação a possibilidade de cumprir prisão em casa e uma redução de suas penas.
Por isso, o advogado Tracy Reinaldet informou ao TRF-4 que queria “traçar breves considerações sobre a efetividade da colaboração” de Palocci “e sobre as razões pelas quais ele é merecedor de um benefício de redução de pena”.
Palocci enumera que em “três meses de prova” de sua colaboração, deixou a carceragem da Polícia Federal “por 63 vezes, realizando, quando esteve fora do ergástulo, 141 horas e 41 minutos de depoimento e de análise de dados”. Cita ainda as 7 mil páginas de anotações de suas agendas de 2006 a 2016 com registros das “reuniões espúrias narradas”.
“Os números são expressivos e comprovam o intuito colaborativo de Antônio Palocci, o qual buscou de modo incessante narrar à Polícia Federal todos os crimes que praticou ou que teve conhecimento, infrações estas até então desconhecidas”, finaliza a defesa.