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Palocci diz que Lula agiu “diretamente” por propinas envolvendo caças

Ex-ministro da Defesa Nelson Jobim também prestará depoimento, provavelmente em novembro, sobre compra de aviões por Dilma

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antonio palocci
1 de 1 antonio palocci - Foto: Reprodução

Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos Lula e Dilma, acusou, nesta segunda-feira (10/9), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter agido “diretamente” em pedido de propina relacionado à compra de caças suecos durante o governo Dilma Rousseff. A declaração foi dada durante depoimento à força-tarefa da Opeação Greenfield. As informações são do Blog de Fausto Macedo, do jornal O Estado de S.Paulo.

Lula é réu na ação dos caças por lavagem de dinheiro, tráfico de influência e associação criminosa. Em depoimento no dia 26 de junho, Palocci havia mencionado um suposto acerto envolvendo inclusive autoridades francesas.

Não é a primeira vez que Palocci acusa seu ex-líder. Na Lava Jato, perante o juiz federal Sérgio Moro, o ex-ministro detonou Lula, atribuindo ao ex-presidente suposto “pacto de sangue” de R$ 300 milhões com a empreiteira Odebrecht. Palocci fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal em Curitiba (PR).

Na ação dos caças, Lula, seu filho Luís Cláudio e o casal de lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni respondem pela acusação de integrarem “negociações irregulares” em torno da compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro e à prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória nº 627, durante o governo Dilma Rousseff.

Mais uma oitiva em novembro
Um novo depoimento de Palocci foi marcado para o dia 20 de novembro pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília. Ao marcar a audiência, o magistrado relata que Palocci prestou depoimento e mencionou ter conhecimento de fatos em investigação nesse processo, especialmente na “atuação direta do ex-presidente Lula, como dos caças”.

Para Vallisney, é preciso ouvir Palocci e o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, também em depoimento em novembro, segundo determinou.

De acordo com o magistrado, “Nelson Jobim, então ministro da Defesa do Brasil entre 2007 e 2011, foi ouvido como testemunha no dia 13 de setembro de 2017 e não mencionou ter havido alguma reunião pela madrugada adentro entre ele, o então presidente Lula e o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, não tendo dito nada sobre assinatura de documento ou protocolo referente ao caça francês Mirage no dia seguinte à reunião, cujo documento teria ficado em posse de Sarkozy, como afirmara o ex-ministro Palocci ao Ministério Público Federal”.

No entanto, o juiz ponderou: “As declarações sucintas e diretas de Antonio Palocci, o qual foi ministro da Fazenda e depois ministro da Casa Civil, precisam ser contrastadas em juízo com as demais provas, em especial as provas contrárias produzidas, sob pena de que palavras soltas, sem os devidos esclarecimentos, possam gerar mais dúvidas com repercussão na verdade processual, pela juntada aos autos de depoimento de terceiro em procedimento administrativo ministerial”.

Ainda conforme o magistrado, “essas declarações de Palocci estão em manifesta contradição com o depoimento da referida testemunha Nelson Jobim, que afirmara em juízo ser ele, na qualidade de ministro, quem tratava com exclusividade do assunto, as decisões sobre os caças eram todas dele como ministro e apenas comunicava ao presidente suas decisões, não tendo havido envolvimento direto do ex-presidente Lula na aquisição dos caças”.

Para o juiz Vallisney, “parece importante, após a oitiva de Antonio Palocci, e se mantida por ele a sua versão, ser reperguntado ao ministro da Defesa, testemunha Nelson Jobim, sobre a referida reunião que teria ‘durado noite adentro’ entre o último, o ex-presidente Lula e o presidente francês da época, Nicolas Sarkozy, e se de fato o representante da França saiu com uma espécie de contrato ou protocolo de compromisso da compra dos caças franceses Mirage, um dos objetos deste processo criminal, e ainda se houve alguma menção ou negociação de propina nessa reunião”.

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