Operador de Cabral afirma ter distribuído propina de helicóptero
Carlos Miranda contou que o recebimento da propina não tinha data fixa, mas ocorria regularmente
atualizado
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O economista Carlos Miranda, apontado pela Justiça como operador do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (MDB), afirmou em delação ter usado helicóptero para realizar pagamento de propina. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo.
Em trechos do depoimento, divulgados nesta terça-feira (12/6) pela TV Globo, Miranda informou ter recebido em 2012 ordem de Wilson Carlos, então secretário de governo da gestão de Cabral, para pagar mensalidades de R$ 100 mil ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). O intermediário seria Carlos Lupi, presidente nacional da legenda desde 2004.
O jornal carioca informou ainda que, de acordo com o operador, o esquema chefiado por Sérgio Cabral movimentou R$ 500 milhões de reais e, com quantias tão altas e interessados com pressa, ele não podia perder tempo.
Ainda na delação, Miranda disse que, para recolher R$ 400 mil em uma companhia no interior do estado, ele teve que alugar um helicóptero. O transporte aéreo teria acontecido durante campanha eleitoral de 2010. Segundo o delator, o dinheiro vinha de propina na área da saúde.
Carlos Lupi e o PDT informaram à reportagem que nunca tiveram nenhum tipo de relação com o delator e que jamais foram beneficiados.
Propinas no DER-RJ
Nesta terça-feira (12/6), Carlos Miranda detalhou durante depoimento na presença do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara de Justiça Federal, como era feita a distribuição de propinas referentes a obras do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ).
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), coube a Cabral R$ 17,5 milhões, além de outros US$ 175 mil. O delator afirmou que, conforme foi informado na partilha dos recursos, 50% eram destinados ao ex-governador e a outra metade a Henrique Alberto Santos Ribeiro, ex-presidente do DER-RJ durante o governo de Cabral.
O depoimento foi prestado no âmbito da Operação C’est Fini, deflagrada em novembro do ano passado. A ação é um desdobramento das Operações Calicute e Eficiência, responsáveis por apurar crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em contratos com o estado carioca.
Repasses
De acordo com Miranda, o ex-governador e o ex-secretário de governo do Rio Wilson Carlos o informaram de que havia um acordo para recolher propina do órgão, que chegaria a Cabral por intermédio de Lineu Castilho Martins, apontado como operador do ex-presidente do DER-RJ. Os repasses começaram a ser entregues ao economista no segundo semestre de 2007. No esquema, Lineu era chamado pelos codinomes de Boris e Russo.
Segundo Carlos Miranda, os valores eram entregues em mochilas em seu escritório da Rua Ataulfo de Paiva, no Leblon (RJ). Depois, ele passou a receber no seu escritório do Jardim Botânico. Entre 2011 e 2014, segundo o economista, a responsabilidade pelo recolhimento da propina foi transferida para Luiz Carlos Bezerra, ex-assessor de Cabral.
“Ele passou a receber o Lineu em diversos lugares. No centro da cidade, no Terminal Menezes Cortes, no Largo do Machado, e tinha me contado que tinha marcado com Lineu algumas vezes no estacionamento das Lojas Americanas ”, disse.
O economista acrescentou que o recebimento da propina não tinha data fixa, mas ocorria regularmente durante o governo de Sérgio Cabral, “Dependia dos pagamentos do estado, mas, normalmente, eram dentro de 40 a 45 dias”, disse, completando que os valores eram “em torno de R$ 100 mil a R$ 150 mil”. (Com informações da Agência Brasil)