Odebrecht não ouviu dizer que “italiano” era Palocci, afirma Batochio
O advogado voltou a falar que considera “absolutamente desnecessária, arbitrária e abusiva” a manutenção da prisão preventiva do ex-ministro
atualizado
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Patriarca do grupo que leva seu sobrenome, o empreiteiro Emílio Odebrecht disse na manhã desta segunda-feira (13/3), ao juiz Sérgio Moro desconhecer que o apelido “Italiano” se referia ao ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma), afirmou o advogado José Roberto Batochio.
“Emílio Odebrecht foi muito claro em dizer que jamais ouviu dizer que o Italiano fosse o Palocci e que só conversou com Palocci sobre assuntos institucionais na medida em que o ministro da Fazenda e o ministro-chefe da Casa Civil, que são as funções que o Palocci exerceu, tem de fato que discutir com setores empresariais”, disse Batochio, que atua no processo como advogado de defesa de Palocci.
“Tem um ou dois que disseram que o Palocci era o ‘Italiano'”, ponderou Batocchio. “Mas dr. Emílio disse que tinham várias pessoas que eram chamados de Italiano. ‘Até eu era chamado de Italiano, porque tenho ascendência italiana'”, afirmou.
Na manhã desta segunda (13), o ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria confirmou saber sobre o apelido e a quem se referia, mas negou ter conhecimento sobre negociações envolvendo pagamento de propinas, afirmou Batochio. Ainda assim o advogado do ex-ministro considerou “auspicioso” o resultado dos depoimentos desta segunda, todos de testemunhas de defesa.
O advogado voltou a afirmar que considera “absolutamente desnecessária, arbitrária e abusiva” a manutenção da prisão preventiva do ex-ministro. Palocci está preso desde setembro passado. “Não tem sentido manter um homem enquanto se apura se ele é ou não é culpado de alguma coisa”, disse.
Odebrecht e Faria foram duas das cinco testemunhas de defesa ouvidas em São Paulo pelo juiz Sérgio Moro, por videoconferência Os depoimentos são referentes ao processo Palocci, acusado no processo de favorecer os interesses da construtora Odebrecht junto ao governo federal na contratação de sondas exploratórias do pré-sal com a Petrobras.
Entre os depoentes, como testemunha de defesa no processo, estavam o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Sem falar especificamente sobre o conteúdo dos questionamentos “para não entrar no processo como testemunha e sair como réu”, Cardozo disse que, mesmo sem ter participado da coordenação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, tinha ciência da orientação dela para não aceitar doações de origem duvidosa. “Nós já estávamos no bojo de um processo difícil criminal motivado pelas investigações da Lava Jato. A orientação era muito clara e, embora não tenha participado diretamente da campanha, eu tinha ciência da postura da candidata de, na dúvida de que houvesse legalidade ou não houvesse legalidade não receber contribuição”, disse.
Ao ser questionado sobre o sistema de financiamento de campanhas no Brasil, Cardozo disse que a prática do caixa 2 é “recorrente e histórica”, mas deve ser dissociada de outros crimes, como a corrupção e a lavagem de dinheiro. “A corrupção e a caixa 2 são sistêmicas no Brasil, mas nem sempre o caixa 2 é uma forma de agasalhar recursos de corrupção. São situações que devem ser analisadas com muito cuidado na hora de se avaliar os fatos e se emitir julgamento”, afirmou.