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Novas conversas sugerem que Moro achava fraca delação de Palocci

Apesar das críticas, o ex-juiz da Lava Jato divulgou as informações sobre corrupção no PT poucos dias antes do primeiro turno das eleições

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1 de 1 1200px-Palocci134936-840×577 - Foto: JOSÉ CRUZ/ABR

Novas conversas vazadas entre o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da força-tarefa da Lava Jato mostram que o ex-juiz teria dúvidas sobre a delação do ex-ministro Antonio Palocci, mas decidiu divulgá-las seis dias antes do primeiro turno das eleições do ano passado.

Os diálogos, obtidos pelo site The Intercept Brasil e divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo, mostram que Moro achava fracas as provas apresentadas por Palocci. “Russo [Sergio Moro] comentou que embora seja difícil provar ele é o único que quebrou a omerta petista”, teria dito o procurador Paulo Roberto Galvão a colegas em um chat no aplicativo Telegram.

No mesmo chat, outro procurador, Antônio Carlos Welter, teria dito que “o melhor é que [Palocci] fala (sic) até daquilo que ele acha que pode ser que talvez seja”. Segundo o veículo, nesse dia o então juiz havia recebido denúncias entregues pelo delator, que incluíam informações sobre a corrupção nos governos do PT.

Palocci conseguiu um acordo de delação com a Polícia Federal (PF) em março do ano passado, após ver frustradas as negociações com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Isso porque os procuradores entendiam que a delação dele não acrescentaria muito e não havia provas para sustentar as denúncias.

No acordo, o ex-ministro informou que Lula havia autorizado o loteamento da Petrobras pelos partidos que apoiavam o governo e que a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff tinha recebido caixa 2.

Os procuradores ainda cogitaram pedir a anulação do acordo feito com a PF, mas evitaram críticas públicas após decisão de Moro de divulgar as informações.

O atual ministro de Jair Bolsonaro (PSL) escreveu no despacho que foi preciso anexar as informações ao processo que tratava do apoio da Odebrecht ao Instituto Lula, no qual Palocci é réu, para que pudesse avaliar os benefícios recebidos pelo ex-ministro. No entanto, Moro afirmou que só consideraria na sentença o depoimento dado por Palocci em 2017, não o do acordo de delação com a PF no ano seguinte.

Duas semanas após divulgar as informações, que viraram notícia de vários jornais, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recebeu uma reclamação contra Moro. O ex-juiz apresentou explicações sobre a medida, mas cerca de um mês depois abandonou a magistratura para assumir a pasta da Justiça.

Na mesma época, Palocci deixou Curitiba e foi cumprir prisão domiciliar.

Procurados pela folha, o Ministério da Justiça e a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba informaram que a delação de Palocci é válida, mas não comentaram as críticas que teriam sido feitas por procuradores sobre a decisão de Moro. Também voltaram a colocar dúvidas sobre a autenticidade das conversas divulgadas.

Já Tracy Reinaldet, advogado de Palocci, afirmou que o conteúdo das supostas mensagens não invalida ou modifica a colaboração do cliente, “o qual continuará cooperando com a Justiça e apresentando suas provas de corroboração”.

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