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“Nova política”: seis ministros de Bolsonaro são alvo da Justiça

Com a promessa de linha dura contra irregularidades de políticos, gestão do presidente abriga investigados, denunciados e condenados

atualizado

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1 de 1 abre18 - Foto: Arte/Metrópoles

Com a promessa da “nova política” e combate intenso à corrupção, Jair Bolsonaro (sem partido) conquistou apoiadores e foi escolhido para ocupar o cargo de presidente da República. No entanto, dos 22 ministros do governo, seis são envolvidos em acusações e suspeitas na Justiça. Além disso, na última semana, o próprio chefe do Executivo tornou-se alvo de um inquérito judicial.

O Metrópoles realizou um levantamento com base nos titulares dos ministérios da atual gestão, que estão sendo investigados, foram denunciados ou condenados por algum crime.

Entre os casos, estão irregularidades em fundos de pensão, participação em esquema de caixa 2, improbidade administrativa, racismo e desvios de recursos públicos.

Onyx
Quando assumiu o governo, em 2019, Bolsonaro prometeu linha dura contra atos ilícitos de políticos. Mas, logo em seguida, veio a primeira reviravolta. O então ministro da Casa Civil e atual ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, tornou-se alvo de investigações por receber supostos repasses de caixa 2.

Onyx chegou a admitir ter recebido R$ 100 mil da JBS em 2014 e pediu “desculpas pelo erro”. Ele, contudo, negou as acusações de caixa 2 em um segundo repasse irregular – que ainda corre na Justiça.

Guedes
Chamado inicialmente de “Posto Ipiranga” e “superministro” da gestão federal, Paulo Guedes, da Economia, também é alvo de inquérito. Ele é investigado pelo Ministério Público Federal, no âmbito da Operação Greenfield, sobre irregularidades em uma de suas empresas, relacionadas a fundos de pensão patrocinados por estatais.

Segundo os autos do processo, os fundos de investimento em que foram encontradas irregularidades receberam aportes no valor de R$ 1 bilhão entre 2009 e 2013. Guedes nega as acusações.

Weintraub
Em caso mais recente, nesta semana, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi alvo da abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi acusado pelo crime de racismo devido às publicações que fez com insinuações contra os chineses.

No Twitter, ele disse que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise mundial causada pelo coronavírus. Após o post, a Procuradoria-Geral da República solicitou investigações e foi atendida pela Suprema Corte, já que ele tem foro privilegiado por ser ministro.

Tereza Cristina
Neste ano, o Ministério Público Federal no Tocantins abriu inquérito para apurar possíveis irregularidades em uma nomeação feita pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em outubro.

Segundo o MPF-TO, a escolha de Milton Gomes da Silva, superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no estado, foi política. A Procuradoria diz ainda que seu currículo não apresenta atuação em áreas relacionadas à função.

Marcelo Álvaro Antônio
Em um dos casos com maior repercussão negativa para o governo Bolsonaro, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi denunciado pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais sob acusação de envolvimento no esquema de candidaturas-laranjas de mulheres no PSL, antigo partido de Bolsonaro e pelo qual ele foi eleito.

A investigação concluiu que o ministro comandou um esquema de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas femininas de fachada nas eleições de 2018. Formalmente, o ministro foi acusado pelo Ministério Público mineiro dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.

Ricardo Salles
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi condenado por improbidade administrativa pela Justiça de São Paulo. Ele foi acusado pelo Ministério Público paulista de cometer fraude na elaboração do plano de manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) da Várzea do rio Tietê, com propósito de beneficiar empresas de mineração e filiadas à Federação da Indústria do estado.

A decisão é de primeira instância e a defesa do ministro recorreu da condenação. Salles foi acusado de ter alterado mapas e a minuta do decreto do plano de manejo da APA da Várzea do Tietê quando ocupava o cargo de secretário estadual do Meio Ambiente, no governo de Geraldo Alckmin (PSDB).

Após a condenação, o ministro afirmou que a sentença “deixa claro que não houve crime ambiental”, que ele “não teve nenhuma vantagem pessoal nesse caso”, e acrescentou que a condenação, não os seus atos, “é ilegal”.

Bolsonaro x Moro
O próprio presidente Jair Bolsonaro virou alvo de investigações após o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, ícone no combate à corrupção, afirmar que o presidente queria fazer “interferência política” no comando da Polícia Federal. O STF autorizou a abertura do inquérito, que vai apurar as declarações do ex-juiz da Lava Jato.

Segundo Moro, Bolsonaro pressionou pela mudança na PF com a intenção de colocar “alguém do contato pessoal dele” para “colher informações de investigações e relatórios”.

Outro lado
O Metrópoles procurou a assessoria dos ministros para ouvi-los sobre as acusações. O Ministério da Educação informou, em nota, que não vai se pronunciar sobre o caso.

O advogado do ministro Paulo Guedes, Ticiano Figueiredo, afirmou que “os procedimentos foram surpreendentemente instaurados antes dos turnos das eleições”.

“Apesar de Paulo Guedes não ser administrador nem gestor, ele foi o primeiro a ser oficiado para prestar uma série de esclarecimentos. Apresentou a documentação mostrando a licitude e a regularidade dos investimentos, se colocou à disposição para mais esclarecimentos e, desde então, o processo não teve mais curso”, explicou.

A assessoria da ministra Tereza Cristina afirmou que todas as explicações foram encaminhadas ao MPF. “Os requisitos foram preenchidos pelo Sr. Milton Gomes, não havendo, portanto, nenhum impedimento legal ao exercício do cargo”, diz a nota.

Os demais não retornaram. O espaço permanece aberto.

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