metropoles.com

Nas mãos do STJ: usina da Vale soterrada em Mariana já faturou R$ 485 mi sem gerar energia

A Corte Especial julga nesta quarta recurso da Aneel que tenta travar os pagamentos à mineradora, alegando prejuízo ao consumidor

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Felipe Menezes/Metrópoles
Brasília (DF), 09/10/2017 Fachadas – STJ – Superior Tribunal de JustiçaLocal: St. de Administração Federal Sul Qd 6 Trecho III Lote 1 – Zona Cívico-AdministrativaFoto: Felipe Menezes/Metrópol
1 de 1 Brasília (DF), 09/10/2017 Fachadas – STJ – Superior Tribunal de JustiçaLocal: St. de Administração Federal Sul Qd 6 Trecho III Lote 1 – Zona Cívico-AdministrativaFoto: Felipe Menezes/Metrópol - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve decidir, nesta quarta-feira (6/10), ação na qual a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pede para travar os pagamentos que são feitos mensalmente à Hidrelétrica Risoleta Neves. A usina pertence ao consórcio Candonga, que tem a Vale como a acionista majoritária.

A usina não funciona desde 2015, quando foi soterrada pela lama originada pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG). Mesmo sem gerar um único watt, a Vale já recebeu cerca de R$ 485 milhões desde a tragédia, como se estivesse funcionando normalmente até hoje.

A hidrelétrica parou de funcionar em novembro de 2015, quando a Samarco protagonizou uma das maiores tragédias ambientais do planeta. A usina ficava no caminho da barragem do Fundão, que rompeu e causou a morte de 19 pessoas.

A paralisação total da Risoleta Neves levou a Aneel, naturalmente, a pedir a suspensão dos pagamentos para a usina, já que a hidrelétrica não poderia gerar mais energia. A Vale, no entanto, não só recorreu do processo administrativo da agência como entrou na Justiça e conseguiu uma decisão que mantém, desde então, o pagamento ao consórcio Candonga.

Em abril deste ano, o caso chegou a ser incluído no plenário virtual do STJ, mas acabou sendo enviado ao colegiado antes de começar a ser analisado.

Prejuízo direto ao consumidor

Na prática, todas as usinas pagam as mensalidades para a usina Risoleta Neves, um custo que, depois, é gradativamente repassado aos consumidores de energia do Brasil, por meio da conta de luz. Os dados da Aneel apontam que a situação já gerou prejuízo direto ao consumidor superior a R$ 160 milhões.

Dados compilados pela Aneel

Em parecer, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou a favor da paralisação dos pagamentos à usina da Vale. O órgão levou em consideração os dados apresentados pela Aneel, que apontam prejuízo aos consumidores, e também resgatou processo similar em que a Corte reconheceu a “ocorrência de grave lesão à ordem e à economia públicas”.

“Sem a demonstração cabal de ilegitimidade, o que se afigura irrazoável e desproporcional é a invalidação do ato expedido pela Aneel, que acabou criando para ao Consórcio Candonga tratamento privilegiado: excepcionalidade de receber receita decorrente da venda de energia sem lastro em geração real de energia”, diz o parecer.

Leia a íntegra:

Parecer PGR by Metropoles on Scribd

Entenda o impasse

Em outubro do ano passado, o presidente do STJ, ministro Humberto Martins, que é relator do caso, rejeitou um recurso da Aneel e manteve os pagamentos requeridos pela Vale, com a manutenção da hidrelétrica no chamado Mecanismo de Realocação de Energia (MRE).

Ao acatar o pedido da Vale, Humberto Martins afirmou, em sua decisão de cinco páginas, que, “no presente caso, não se verifica a ocorrência de grave lesão”, porque “não se comprovou, de forma inequívoca, em que sentido o risco hidrológico compartilhado entre as empresas causa grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública”.

A Aneel recorreu da decisão do ministro Humberto Martins, e o caso será analisado agora pela Corte Especial do STJ, composta pelos 15 ministros mais antigos da Corte.

O Metrópoles entrou em contato com a Vale e com a Aneel, mas não obteve retorno. O espaço continua aberto.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?