“Não deixem de acreditar nas instituições”, pede Cármen Lúcia
A ministra do STF afirmou que há uma “intolerância” com a falta de eficiência do Poder Público
atualizado
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Um dia depois de manifestantes tomarem as ruas do País para defender as investigações da Operação Lava Jato, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, disse nesta segunda-feira (5/12) esperar que a sociedade brasileira não deixe de acreditar no funcionamento das instituições.
Ao falar na abertura do 10º Encontro Nacional do Poder Judiciário, Cármen Lúcia destacou que o papel da Justiça é exatamente “pacificar”, alertou para uma “intolerância” com a falta de eficiência do Poder Público e ressaltou que os juízes têm “deveres comuns” com a sociedade brasileira num momento de “extrema dificuldade”.
Ao citar a filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975), Cármen destacou que toda sociedade tem um momento em que se vê numa “encruzilhada”. “Ou a sociedade acredita numa ideia de Justiça que vai ser atendida por uma estrutura estatal e partimos para um marco civilizatório específico ou a sociedade deixa de acreditar nas instituições e por isso mesmo opta pela vingança. Nós não esperamos que a sociedade em algum momento precise desacreditar (nas instituições), a tal ponto que resolva fazer justiça pelas próprias mãos, que nada mais é que exercer a vingança, que é a negativa da civilização”, frisou a ministra.
Intolerância
A presidente do STF e do CNJ também ressaltou que o Poder Judiciário tem “deveres comuns com a sociedade brasileira num momento de extrema dificuldade”. “Há uma enorme intolerância com a falta de eficiência do Poder Público que nos leva a pensar como é que temos de agir para que a sociedade não desacredite no Estado, uma vez que o Estado democrático previsto constitucionalmente parece ser até aqui a nossa única opção. Ou é a democracia ou a guerra. E o papel da Justiça é exatamente pacificar”, concluiu Cármen.