MPGO suspeita que tornozeleira eletrônica de Rocha Loures não funciona
Ministério Público de Goiás encaminhou a informação à Procuradoria-Geral da República e pede a devolução do equipamento
atualizado
Compartilhar notícia
Três dias após recomendar à Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) que solicite a devolução imediata da tornozeleira eletrônica concedida ao ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PSDB-PR), o Ministério Público estadual (MPGO) lançou dúvidas sobre o funcionamento do aparelho.
Em ofício encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta sexta-feira (7/7), o promotor Fernando Aurvalle Krebs “suspeita que Rodrigo Santos da Rocha Loures não esteja sendo monitorado. E, se está, tal monitoramento é ilegal, porque não foi previsto contratualmente”.
A recomendação que pede o equipamento de volta foi encaminhada pelo MPGO à SSP-GO na terça-feira (4/7), após a instauração de inquérito para apurar se Rocha Loures foi beneficiado na concessão do aparelho.
Assinado pelo promotor Krebs, o ofício afirma que “causa espanto o fornecimento, pelo estado de Goiás, de equipamento de monitoramento eletrônico para detento de outra unidade da Federação, sendo que as tornozeleiras eletrônicas estão em falta em Goiás”.
Mala da propina
Rodrigo Rocha Loures estava preso em Brasília desde 3 de junho. A prisão foi motivada pela divulgação de imagens feitas pela Polícia Federal enquanto ele recebia uma mala com R$ 500 mil, suposta propina paga pelo frigorífico JBS que teria como destinatário final o presidente Michel Temer.
No último dia 30, ele conseguiu o direito à prisão domiciliar. A decisão foi do relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin.
Para ter direito ao benefício, o “homem da mala” deve usar a tornozeleira eletrônica, permanecer em casa entre 20h e 6h e não pode sair nos finais de semana.
Fura fila
A tornozeleira foi essencial para a progressão de prisão do regime fechado para o domiciliar. No último domingo (2), o Metrópoles mostrou com exclusividade que o ex-assessor do presidente Michel Temer furou fila e passou à frente de cerca de 100 presos que aguardavam o aparelho em Goiás.
O estado goiano cedeu o equipamento porque o Distrito Federal não o tem. Um dia após a reportagem do Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do DF (SSP-DF) assinou contrato com a UE Brasil Tecnologia para o fornecimento de até 6 mil unidades do equipamento em território brasiliense.
O extrato do contrato foi publicado na edição de quarta (5) do Diário Oficial do DF. Agora, corre prazo de 45 dias para a entrega de toda a estrutura de monitoração eletrônica. “A expectativa é de que o início do funcionamento do sistema ocorra até o fim de agosto”, explicou em nota a SSP-DF.