MPF encontra 17 mil caixas com documentos sobre esquema de Cabral
Caixas estavam em um depósito da transportadora de valores, Trans Expert, “banco paralelo” para movimentar dinheiro do esquema de corrupção
atualizado
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Procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro encontraram 17 mil caixas com documentos que trazem mais informações sobre o esquema de pagamento de propinas durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabaral (MDB). As caixas estavam em um depósito na Pavuna, zona norte do Rio, e pertenciam à transportadora de valores, Trans Expert, que, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), funcionava como “banco paralelo” para movimentar o dinheiro do esquema de corrupção.
A empresa responsável pelo armazenamento das caixas fez contato com as autoridades, depois que a transportadora deixou de fazer os pagamentos pela guarda. Três mandados de busca e apreensão foram autorizados pela Justiça para acesso aos documentos.
Segundo o procurador Sérgio Pinel, foram descobertos documentos que comprovam pagamentos de uma mensalidade do governador ao ex-secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, preso pela segunda vez na última sexta-feira (15), acusado de receber propinas no valor de R$ 1,5 milhão enquanto estava no comando da Casa Civil, de 2007 a 2014.
“Um dos documentos encontrados é um comprovante de pagamento ao operador financeiro de Fichtner, coronel PM Fernando França Martins, que recebia valores em uma sala comercial no centro da cidade. A informação da ordem de pagamento encontrada bate com as anotações dos doleiros, apresentadas quando fizeram a colaboração premiada com o MPF”, informou o procurador.
Pinel diz que os documentos confirmam informações apuradas com doleiros, em colaborações premiadas, que deram início às investigações em junho do ano passado. Na ação, o MPF denunciou 62 pessoas – Cabral entre eles – pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção contra o sistema financeiro internacional, entre eles. Também é acusado Dario Messer, apontado como o “doleiro dos doleiros”, que está foragido desde a deflagração da Operação Câmbio, Desligo.
As acusações são baseadas nas investigações conduzidas pela operação, um dos desdobramentos da Lava Jato no Rio de Janeiro. Também foram levadas em conta declarações e documentos apresentados por Juca Bala, apontado como doleiro de Cabral, e por seu sócio Cláudio Barboza, conhecido como Tony. Os dois estão entre os denunciados, mas fizeram acordos de delação premiada. A denúncia contém 816 páginas e cabe agora ao juiz federal Marcelo Bretas decidir pela abertura de processo penal, aceitando a denúncia e transformando os acusados em réus.