Moro se insurge contra AGU, que tenta entregar vídeo editado de reunião
AGU alega que pode haver conteúdo “sensível ao Estado” na gravação. Defesa do ex-ministro sustenta no STF que registro inteiro é fundamental
atualizado
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A Advocacia Geral da União (AGU) enviou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (07/05), pedindo ao ministro Celso de Mello a autorização para entregar, com edições,revelando apenas trechos, o vídeo da reunião entre o presidente Jair Bolsonaro e todos os ministros, inclusive o então titular da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. O encontro foi citado em depoimento do ex-juiz da Lava Jato. Pouco depois, foi a vez de a defesa de Moro se insurgir contra o pedido.
Na declaração à polícia, Moro afirmou que a reunião havia sido gravada. Celso de Mello, então, pediu que o Planalto enviasse ao Supremo a cópia integral das gravações. Na quarta-feira (06/05), a AGU solicitou que o magistrado suspendesse a determinação para ter acesso as imagens, e nesta quinta, anexou outro pedido, para que ele “também considere” a possibilidade de receber apenas trechos do vídeos que dizem respeito ao inquérito em andamento. A entidade alega ter conteúdo “sensível ao Estado” na gravação.
Em nota, o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, defendeu o cumprimento da decisão do ministro: “Cabe ao próprio ministro e ao STF, e não ao investigado, definirem quais trechos da gravação são úteis ou não para o processo em curso. Não são motivos para impedir o repasse do material solicitado pelo STF o fato de a reunião ter tratado de temas de relevância nacional ou a possibilidade de conter falas constrangedoras”, argumentou.
Leia aqui a íntegra da manifestação da AGU:
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Os advogados de Moro então retorquiram com outro pedido, alegando que, no depoimento de longas oito horas no último sábado, 2 de maio, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-ministro “destacou as manifestações incisivas” do presidente sobre a necessidade de troca do comando da PF e da superintendência do órgão no Rio de Janeiro.
As diligências foram abertas para investigar eventuais crimes cometidos pelo presidente ao supostamente tentar interferir na Polícia Federal, e tem como base, acusações feitas por Moro.
O ex-ministro afirmou que na reunião, Bolsonaro falou em frente aos demais integrantes do governo que queria ter acesso a relatórios de inteligência, e teria exigido a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
Leia aqui a íntegra da manifestação da defesa de Moro:
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