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Meirelles “desconhece” ação de Lula para beneficiar Odebrecht

Ex-ministro prestou depoimento à Justiça como testemunha de defesa do petista. Ex-presidente teria liberado linha de crédito a empreiteira

atualizado

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Henrique Meirelles
1 de 1 Henrique Meirelles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O ex-presidente do Banco Central e atual secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, negou ter conhecimento de uma suposta atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para favorecer a liberação de uma linha de crédito que teria beneficiado a empreiteira Odebrecht em Angola.

Meirelles prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dos ex-ministros Paulo Bernardo e Antonio Palocci, e do empresário Marcelo Odebrecht. Eles foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por receber propina da construtora Odebrecht em troca de favores políticos.

De acordo com a acusação, em 2010 a empreiteira prometeu a Lula R$ 64 milhões para ser favorecida em decisões do governo. De acordo com o MPF, o dinheiro teria sido colocado à disposição do Partido dos Trabalhadores (PT).

Segundo a denúncia, uma das contrapartidas solicitadas pela Odebrecht seria a interferência política para elevar para US$ 1 bilhão um empréstimo concedido a Angola pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O depoimento foi feito por videoconferência, durou cerca de 20 minutos e foi conduzido pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília.

“Eu não tive conhecimento ou participei diretamente desse processo de análise dessas operações. Então, não posso dar nenhuma informação a respeito. Não conheço exatamente como é a operação”, disse.

Questionado se nos oito anos em que presidiu o Banco Central (2003-2011) o ex-presidente Lula teria dado a autonomia necessária para conduzir a autoridade monetária, Meirelles respondeu: “Quando ele [Lula] me convidou pra ser presidente do Banco Central, eu expliquei a ele que na maior parte dos países do mundo o Banco Central era independente por lei. Disse que eu poderia aceitar, desde que fosse um Banco Central independente. Ele concordou”.

Na mesma época, o então presidente petista chegou a enviar ao Congresso uma reforma constitucional para facilitar o funcionamento autônomo do Banco Central.

Ele também foi questionado se tinha conhecimento sobre uma suposta solicitação de propinas do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, réu na mesma ação, ao empresário Marcelo Odebrecht.

“Como eu mencionei, da mesma maneira que foi feito durante a gestão do presidente Temer e quando eu era ministro da Fazenda, entre as coisas que eu fiz questão de preservar foi o Banco Central. Eu fui presidente do Banco Central e eu dizia que sou autônomo e não aceitava opinião, nem de ministro da Fazenda, nem de qualquer outro ministro. Eu, de fato, participava muito menos que demais ministérios e não sei do que se trata essa questão referente ao ministro Paulo Bernardo”, disse Meirelles.

Dilma
Também em depoimento, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse, na semana passada, desconhecer a atuação de Lula para liberar empréstimo que beneficiou Odebrecht em Angola.

Na ocasião, após uma pergunta do procurador Carlos Henrique Martins Lima, que representa o MPF, a ex-presidente subiu o tom. Ele questionou se Dilma teria como afirmar se Paulo Bernardo, ex-ministro do governo Lula e réu no processo, teria recebido o empresário Marcelo Odebrecht a sós em uma reunião nas dependências do Ministério do Planejamento.

“A pergunta do senhor é um absurdo. Como eu posso afirmar alguma coisa se a sua premissa é que ele recebeu a sós? Óbvio que eu não posso afirmar nada. Eu quero registrar, seu juiz, que a pergunta é um absurdo”, afirmou a petista.

“O senhor me desculpa, mas isso não é sério. Eu não concordo com isso. Estou protestando, quero que o senhor redija isso, senhor juiz. É um desrespeito a mim”, indignou-se Dilma.

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