Marcelo Odebrecht: não tive papel na contratação do sobrinho de Lula
Em depoimento à 10ª Vara Federal de Brasília, o empresário afirmou que não tinha envolvimento com o ex-presidente
atualizado
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O empresário Marcelo Odebrecht disse, nesta segunda-feira (07/10/2019), que não estava envolvido na contratação, pela empreiteira em Angola, de uma empresa do sobrinho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Taiguara Rodrigues dos Santos.
“Eu não tive nenhuma relação nesse assunto da contratação do sobrinho e, o que eu soube, soube depois. E como também não era responsável pela relação com o presidente Lula, na verdade, nem constava nos meus anexos”, declarou.
Ele afirmou que só soube da contratação depois, por meio de um gerente da companhia no país africano. E que incluiu o tema em seu acordo de delação por “ouvir dizer”.
“Quando veio a denúncia, não havia fechado o acordo de colaboração ainda, eu apenas citei num dos meus anexos o que eu sabia, que, basicamente, era o seguinte: que eu tinha escutado posteriormente aos fatos que tinha havido essa situação de apoio, porque, na verdade, não tive envolvimento nesse assunto”, contou.
As declarações foram dadas em depoimento ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, na ação penal que Lula responde por tráfico de influência.
Superfaturamento na Odebrecht
O empresário disse que “nunca soube de nenhum superfaturamento na empresa”. Ele foi questionado pelo Ministério Público se havia o sobrepreço em obras no exterior, como em Angola, o que daria margem para pagamento de propinas.
“Eu não posso assegurar que uma ou outra obra tenha sido contratada de forma superfaturada, no Brasil ou no exterior. Só quem pode saber isso é quem contratou a obra. Agora, tem uma certa irrazoabilidade de superfaturamento no exterior. Porque, em tese, vamos supor que a gente tenha conseguido lucrar nas obras do exterior”, avaliou.
“Isso é ótimo para o Brasil, porque significa que estamos exportando com mais lucro”, finalizou Marcelo.
Defesa de Lula
Após o depoimento, o juiz negou um recurso apresentado pela defesa de Lula. O advogado queria que o depoimento fosse considerado inválido, alegando “interesse no desfecho da demanda em desfavor dos acusados”. Contudo, a Justiça entendeu o depoimento é “espontâneo”, visto que o colaborador selou o “compromisso de dizer a verdade perante o juízo”.