Maluf está “abatido” e passou noite em claro na Papuda, diz defesa
Advogado descreve que deputado precisa do auxílio de companheiros de cela para levantar da cama e ir ao banheiro
atualizado
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Em sua primeira noite no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, o deputado Paulo Maluf (PP-SP), 86 anos, passou a noite “em claro” e “muito abalado”. A informação é do advogado de defesa do político, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que visitou Maluf neste sábado (23/12). Segundo Kakay, mesmo com o auxílio de remédios, o parlamentar não conseguiu dormir.
“Ele está muito abatido e com dificuldades, o que é natural para uma pessoa que tem os problemas que ele tem e está preso”, disse o defensor. Maluf se encontra detido na cela 10 da Ala B, no Bloco 5 do Centro de Detenção Provisória (CDP) da Papuda. O local é conhecido como “Ala dos Vulneráveis”, por abrigar policiais, políticos e idosos.
Kakay relata que, com dificuldade de locomoção, o parlamentar estaria sendo ajudado por companheiros de cela para atividades diárias, como levantar-se da cama ou ir ao banheiro. “Imagina uma pessoa de 86 anos que para ir ao banheiro tem que depender da ajuda de pessoas que ele nunca viu na vida”, comenta.
O deputado divide a cela com o homem apontado como o chefe da Máfia dos Concursos no Distrito Federal, Hélio Ortiz. Ainda estão acomodados no mesmo espaço o holandês Frank Andy Edgar Uden, preso preventivamente por tráfico de drogas, e o farmacêutico Maikow Luiz de Araújo. Este último também está atrás das grades por associação com o tráfico, pois seu nome foi encontrado na agenda de um fornecedor.
Mesmo “abatido”, o deputado não teria registrado, segundo o advogado, nenhuma reclamação específica sobre o complexo penitenciário. “Para o sistema carcerário, ele está em um lugar razoável. A ala que ele está ainda oferece um pingo de dignidade”, afirma Kakay.Prisão domiciliar
A defesa de Maluf havia apresentado um novo pedido à Vara de Execuções Penais do Distrito Federal para obter permissão para o cumprimento de pena em regime domiciliar. A solicitação, contudo, foi negada provisioramente nesta sexta (23) pelo juiz substituto do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) Bruno Aielo Macacari.
O magistrado, no entanto, destacou “a possibilidade de revisão da presente decisão, de caráter meramente provisório, a depender de laudo de perícia médica do Instituto Médico Legal (IML) e, principalmente, das informações a serem prestadas pela equipe médica com atuação no CDP”. As informações serão encaminhadas até a terça (26).
Condenação
Maluf foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão, em regime fechado, pelo crime de lavagem de dinheiro. O político é acusado de desvios milionários em obras viárias, como o Túnel Airton Senna, a Avenida Água Espraiada e a Avenida Roberto Marinho, em São Paulo, entre 1993 e 1996, período em que foi prefeito da cidade.