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Lula, sobre mandar prender agentes públicos: “Foi força de expressão”

O juiz federal Sérgio Moro repreendeu o ex-presidente pela declaração feita na sexta-feira (5/5), em evento do PT

atualizado

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Alex Silva/Estadão Conteúdo
lula em curitiba
1 de 1 lula em curitiba - Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo

O juiz federal Sérgio Moro fustigou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a audiência nesta quarta-feira (10/5), em Curitiba, com seguidas indagações sobre declarações do petista durante evento do PT, na sexta (5). O ex-chefe do Executivo nacional disse que “se eles (agentes da Polícia Federal e Ministério Público) não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que contam”. A declaração irritou investigadores da Operação Lava Jato. Lula justificou: “Foi força de expressão”.

Ao ser indagado por Moro sobre o que quis dizer, o petista se explicou. “Eu quis dizer o seguinte: a história não para com esse processo, a história um dia vai julgar se houve abuso ou não de autoridade nesse caso do comportamento. Tanto da Polícia Federal quanto do Ministério Público, no meu caso.”

Moro, então, insistiu: “o senhor pretende mandar prender os agentes públicos”? “Como é que vou saber, nem sei se eu vou estar vivo amanhã”, esquivou-se Lula. O magistrado foi além. “Foi o que o sr. afirmou lá (no evento do PT)”, disse o juiz. “Uma força de expressão. O dia que o sr. for candidato o sr. vai ter muita força de expressão”, respondeu o petista.

“Acha apropriado um ex-presidente da República dizer isso?”, seguiu Moro. “Acho que não, acho que não”, avaliou Lula.

Interrompido seguidas vezes por advogados de defesa, Moro destacou que sua pergunta tinha carárer jurídico. E repetiu. “O senhor acha apropriado esse tipo de declaração?”

Cristiano Zanin Martins, um dos defensores de Lula, anotou que a ação na qual o ex-presidente estava sendo interrogado se refere ao caso do tríplex do Guarujá (SP). “Manifestações políticas do ex-presidente não devem ser objeto desse depoimento”, disse Zanin. Outro defensor de Lula, o criminalista José Roberto Batochio, disse que “vossa excelência só tem autoridade para julgar”.

Moro voltou a pôr Lula contra a parede. “Vou manter a minha pergunta jurídica. A afirmação feita pelo sr. no curso do processo, o sr. acha apropriado esse tipo de declaração pública?”

Confira a continuidade do diálogo:

“Já falei que foi um ato de força de expressão. Primeiro, presidente não manda, prender”, responde Lula.

“E o sr. vai continuar fazendo esse tipo de declaração?”

“Não sei, não sei, não sei.”

“Que vai prender os agentes públicos?”, perguntou Moro.

“Não sei, não sei, não prendo. Presidente não prende ninguém, não conheço na história, a não ser no regime autoritário.”

“Então, talvez o sr. não devesse fazer esse tipo de declaração”, advertiu o juiz da Lava Jato.
Lula, então, falou dos grampos da Lava Jato que pegaram diálogos dele com a ex-primeira dama Marisa Letícia e outros familiares. “Com todo o respeito, todos nós devemos tomar cuidado com as declarações. O sr. sabe, por exemplo, da mágoa profunda, eu tenho mágoa profunda, conversas minhas com minha mulher. Eu nunca falei nada. Eu tô tranquilo, vamos esperar. O tempo se encarrega de contar a história.”

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