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Lava Jato: força-tarefa combinava com Receita quebra de sigilo de ministros

Novos diálogos, enviados pela defesa de Lula ao STF, mostram procuradores falando sobre parceria com o órgão

atualizado

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O ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol- metropoles
1 de 1 O ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol- metropoles - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Os procuradores da Lava Jato de Curitiba tinham um suposto acerto clandestino de troca de informações com a Receita Federal para quebrar o sigilo de seus alvos, inclusive de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A informação consta em mensagens entregues pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo os diálogos entre os integrantes da força-tarefa, os acertos ilegais eram feitos com Roberto Leonel de Oliveira Lima, chefe do Escritório de Pesquisa e Investigação na 9ª Região Fiscal.

Veja a íntegra do documento:

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Em julho de 2015, por exemplo, os procuradores discutiam uma anotação encontrada com Flávio Lúcio Magalhães, apontado como operador de propina da Andrade Gutierrez. A lista citava diversas pessoas, entre elas, ministros do STJ.

“A RF [Receita Federal] pode, com base na lista, fazer uma análise patrimonial [dos ministros], que tal?”, diz Dallagnol. Em seguida o procurador informa: “Combinamos com a Receita.”

A conversa não indica quais ministros foram investigados, mas mostra que o MPF no Paraná só tinha por honestos ministros que atendiam, incondicionalmente, os pedidos da Lava Jato. “Felix Fischer eu duvido. Eh (sic) um cara sério”, diz o procurador Diogo Castor em referência ao relator dos processos da operação no STJ.

O próprio Dallagnol admite não acreditar que a lista encontrada com Magalhães envolvia pessoas que recebiam propina. Mas decidiu pedir a análise patrimonial mesmo assim. “Aposto que não são propina. São muitos pra serem corruptos”, afirmou.

Marisa Letícia

Os alvos vão desde ministros até figuras relacionadas a políticos, como é o caso de Marisa Letícia, esposa de Lula, morta em 2017.

“Dona Marisa comprou árvores e plantas no Ceagesp em dinheiro para o sítio. Pedi pro Leonel ver se tem nf [nota fiscal]”, disse o procurador Januário Paludo em uma conversa de fevereiro de 2016.

Na sexta-feira (5/2), o presidente do STJ, Humberto Martins, solicitou que o procurador-geral da República, Augusto Aras, instaure inquérito para investigar a conduta de procuradores da Lava Jato.

Martins cita a notícia de que os procuradores Deltan Dallagnol e Rodrigo Castor tinham intenção de investigar ministros do STJ sem autorização do Supremo.

A reportagem demandou a Receita Federal e o Ministério Público sobre os diálogos e espera as respostas. O espaço continua aberto para manifestações.

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