Justiça quebra sigilo de empresários que se vacinaram às escondidas
Empresários mineiros são acusados de importar doses da vacina da Pfizer para aplicação individual, sem doação ao SUS
atualizado
Compartilhar notícia
Empresários mineiros do setor de transporte acusados de furar a fila da vacinação terão o sigilo telemático quebrado pela Polícia Federal, após autorização da Justiça Federal de Minas Gerais. O caso foi noticiado pela revista Piauí.
A decisão é do juiz Rodrigo Pessoa Pereira da Silva, da 35ª Vara Federal de Belo Horizonte. O magistrado defendeu haver “indícios de burla à regras de preferência na ordem de imunização” e que as condutas dos empresários são “inadmissíveis”. São informações da Folha de S.Paulo.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) abriram inquérito para investigar o ocorrido. A reportagem revelou que políticos e empresários do estado tomaram as duas doses da Pfizer contra o coronavírus e não repassaram os imunizantes ao SUS.
Entre o grupo de empresários que serão investigados, está o ex-senador Clésio Andrade. Ele e a família foram imunizados na terça-feira (23/3), em Belo Horizonte. Clésio, além de já ter sido vice-governador de Minas Gerais, também é conhecido pelo envolvimento no esquema do mensalão.
A maioria dos vacinados era do ramo de transporte no estado. A enfermeira responsável pela aplicação das doses acabou se atrasando, pois estava imunizando outras pessoas do grupo na Belgo Mineira, mineradora que pertencente à ArcellorMittal Aços. A siderúrgica afirmou não ter comprado nenhuma vacina.
Existe uma lei aprovada pelo Congresso Nacional que autoriza a compra de vacinas de forma privada. Mas o SUS obriga que todas as doses sejam doadas, até que os grupos de risco, compostos por cerca de 77,2 milhões pessoas, sejam imunizados.
A compra das doses foi de natureza própria dos investigados. A revista publicou que as vacinas não foram repassadas ao SUS e beneficiaram cerca de 50 pessoas. Para cada pessoa, foram desembolsados R$ 600.