Justiça bloqueia R$ 2 milhões de acusados de matar Marielle
Decisão atinge não só o policial militar reformado Ronnie Lessa e do ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, mas também Alexandre Motta Souza
atualizado
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O juízo da 1ª Vara Criminal Especializada do Rio de Janeiro, decretou a quebra do sigilo fiscal e bancário do policial militar reformado Ronnie Lessa e do ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, acusados pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo a Polícia Civil, a medida tem como objetivo apurar suposta lavagem de dinheiro praticada pelos presos.
A Justiça fluminense determinou ainda o sequestro de R$ 2 milhões em bens e bloqueio de contas da dupla. A ordem é cumprida na manhã desta quarta (04/03) pela Secretaria de Estado de Polícia Civil, por meio do Departamento Geral de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DGCOR), e pelo Ministério Público Estadual, por meio do Grupo Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Gaeco).
Entre os bens sequestrados estão uma lancha avaliada em cerca de R$ 400 mil, que pertencia a Ronnie Lessa e foi encontrada por policiais civis em um condomínio em Angra dos Reis. Além dela, a lista de arrestos inclui um imóvel em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, avaliado em R$ 1,2 milhão, também pertencente ao PM reformado.
A Polícia Civil informou ainda que a quebra de sigilo decretada pela Justiça fluminense vale também para Alexandre Motta Souza, amigo de Ronnie Lessa que foi preso por suspeita de tráfico de armas após a Divisão de Homicídios da Capital apreender 117 armas modelo M-16, desmontadas, em sua casa.
As peças, sem os canos, estavam em caixas fechadas. Souza afirmou à polícia que é amigo de Lessa desde a infância. Disse que o PM aposentado pediu que guardasse as caixas, sem dizer qual era o conteúdo delas. A prisão de Alexandre foi revogada depois de depoimento de Lessa.
A mulher do policial reformado, Elaine Lessa, e seu irmão Bruno Figueiredo também tiveram o afastamento do sigilo deferido pela 1ª Vara Criminal Especializada do Rio, indicou a Polícia Civil do Rio. Eles e mais três pessoas foram presas na Operação Submersus em outubro, sob suspeita de obstrução de Justiça, porte de arma e associação criminosa.
Segundo a Polícia Civil, o grupo teria ocultado armas usadas pelo grupo de Lessa, entre elas a submetralhadora HK MP5, que teria sido usada para matar Marielle e Anderson. De acordo com as investigações da Delegacia de Homicídios (DH) da capital dois dias depois das prisões de Lessa e do ex-policial Élcio de Queiroz o grupo teria jogado as armas no mar.
A vereadora foi morta na noite de 14 de março de 2018, enquanto seguia de carro da Lapa (região central) para a Tijuca (zona norte), onde morava. O carro em que ela estava, acompanhada por uma assessora e conduzido pelo motorista Gomes, foi alvejado por alguém que estava em outro carro quando trafegava pelo Estácio. Ela e Gomes (que estava na linha de tiro) morreram na hora. A assessora saiu ilesa.
Segundo a Polícia Civil e o MP-RJ, Elcio dirigia o veículo que emparelhou com o de Marielle, e Lessa disparou 13 tiros.
Lessa e Queiroz estão presos preventivamente desde 2019, na mesma penitenciária federal, em Porto Velho (RO). Eles foram denunciados em março do mesmo ano por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima), tentativa de homicídio (contra a assessora de Marielle) e por receptação.
Dias depois a Justiça abriu ação contra a dupla e o processo está em fase de alegações finais. A expectativa é a de que o julgamento aconteça no segundo semestre deste ano, sendo que a Promotoria pediu que os acusados sejam levados a júri popular.