Juiz nega habeas corpus e Geddel continuará preso preventivamente
A 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal rejeitou também pedido de aplicação de medidas alternativas, como prisão domiciliar
atualizado
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Titular da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, o juiz Vallisney de Souza Oliveira negou nesta quinta-feira (6/7) recurso contra a prisão preventiva do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima. Ele foi preso na segunda (3), em Salvador, no âmbito da Operação Cui Bono. Um dos principais aliados do presidente Michel Temer (PMDB), Geddel está detido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O ex-ministro é acusado de tentar barrar investigações da Lava Jato.
O magistrado negou também a aplicação de restrições alternativas, como monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica ou prisão domiciliar. Os advogados de Geddel alegaram que a prisão do político era desnecessária e sugeriram essas medidas.
A acusação afirma que Geddel teria tentado impedir que o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o seu operador financeiro Lúcio Funaro — que estão presos — fizessem acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).Para isso, o ex-ministro teria enviado mensagens de texto à esposa de Funaro a fim de monitorar os passos dele. Funaro estava preso na Papuda e foi transferido para a sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta quarta (5), o que pode facilitar a delação.
A primeira aparição pública de Geddel com a cabeça raspada, após a prisão, foi na 10ª Vara. Na audiência, o advogado dele negou as acusações de que o ex-ministro tenha atrapalhado as investigações.
Antes de Geddel falar, seu advogado Gamil Foppel pediu a palavra para prestar esclarecimento e afirmou que o ex-ministro irá entregar a senha do celular apreendido pela PF.
Foppel explicou que o aliado de Temer só ficou calado em depoimento na Operação Patmos porque não teve acesso ao conteúdo da investigação. Além disso, o defensor salientou que para mostrar cooperação com a Justiça, Geddel juntou documentos aos processos e abriu mão do seu sigilo fiscal, telemático e bancário.
Geddel afirmou ao juiz Vallisney que não foi maltratado ou recebeu tratamento diferenciado na Papuda ou na Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal.
“Coopero com a Justiça, como sempre cooperei. Tudo que fiz ou deixei de fazer foi sob orientação de meus advogados. Tenho crença inabalável que não tomei nenhuma atitude de longe interpretada como embaraço à Justiça ou às investigações”, alegou a defesa.
Ao negar a liberdade a Geddel, o juiz autorizou que a esposa de Funaro — delator do ex-ministro —, Raquel Pitta, seja ouvida pela Polícia Federal para falar se houve pressão do aliado de Temer. O juiz também solicitou perícia no aparelho celular de Raquel pelo qual falou com o ex-ministro.
Entenda o caso
A Operação Cui Bono, desdobramento da Lava Jato, investiga a existência de práticas criminosas na liberação de créditos e investimentos por parte de duas vice-presidências da Caixa Econômica Federal: a de Gestão de Ativos de Terceiros (Viter) e a de Pessoa Jurídica. Uma das vice-presidências era ocupada por Geddel.
Além disso, em novembro do ano passado, o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, deixou o governo e contou à PF que foi pressionado por Geddel para liberar um empreendimento imobiliário em Salvador. Dias depois, com a polêmica, o ex-ministro da Secretaria de Governo pediu demissão do cargo. (Com informações da Agência Estado)