Juiz começa a ouvir testemunhas sobre esquema de corrupção de Cabral
Além do ex-governador fluminense, sua mulher, Adriana Ancelmo, o empresário Eike Batista e mais seis pessoas são réus na ação
atualizado
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O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, ouviu as primeiras testemunhas de acusação da Operação Eficiência. A ação é um desdobramento da Calicute, que investiga a ocultação no exterior de mais de US$ 100 milhões (superior a R$ 326 milhões) pelo esquema de corrupção liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), que está preso desde novembro.
O primeiro a ser ouvido foi Sérgio Coelho, ex-marido de Adriana Ancelmo (atual mulher de Cabral) e que dividiu com ela o escritório Coelho, Ancelmo e Dourado Advogados. Para os procuradores federais, o escritório era usado para lavagem do dinheiro recebido como propina — Eike Batista fez um pagamento de R$ 1 milhão ao escritório de Adriana.
Coelho disse que chegou a analisar duas causas envolvendo as empresas de Eike Batista no fim de 2012. Logo depois, foi emitida a nota fiscal, antes mesmo de o escritório ingressar com recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ).“A informação que eu tenho, a minha lembrança, é que nós recebemos duas demandas, examinei as questões, e logo depois houve a emissão da nota de serviços advocatícios. É um valor elevado, mas era compatível para esse caso”, afirmou Coelho.
Para Fernando Martins, advogado de Eike, o depoimento serviu para fortalecer a tese de que o relacionamento entre o empresário e o escritório de Adriana Ancelmo era “estritamente profissional”.
Michelle Tomaz Pinto, a ex-secretária de Adriana Ancelmo, disse que não viu no escritório pastas ou documentos referentes às empresas do Grupo X. Ela assumiu o setor de faturamento em 2013, depois de a nota fiscal ter sido emitida.
A defesa de Adriana Ancelmo fez perguntas referentes a supostos gastos que Michelle teria feito no cartão de Adriana, em uma tentativa de desqualificar a testemunha. O juiz Bretas indeferiu as perguntas
A Eficiência foi deflagrada em 26 de janeiro, com mandados de prisão temporária expedidos contra nove pessoas, entre elas o empresário Eike Batista e Flávio Godinho, ex-executivo do Grupo X. Eles não foram interrogados nesta quarta-feira (24/5).
A partir da delação premiada dos irmãos Marcelo e Renato Chebar — os doleiros que esconderam em nove países a fortuna amealhada por Cabral a partir de propinas, segundo denúncia do MPF – os procuradores repatriaram R$ 270 milhões. Uma planilha fornecida pelos delatores mostrou que a organização criminosa chefiada por Cabral movimentou R$ 4 milhões por mês, entre agosto de 2014 e junho de 2015.
São réus na Operação Eficiência o casal Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo; Eike Batista e Flávio Godinho; Wilson Carlos, ex-secretário de Governo; Carlos Miranda, suspeito de ser operador do esquema; Luiz Arthur Andrade Correia, Renato Chebar e Marcelo Chebar, apontados como operadores financeiros no esquema.