Investigada na Lava Jato, filha de Cunha tenta evitar ser julgada por Sérgio Moro
Rodrigo Janot defende o desmembramento do inquérito baseado em indícios de que propina da Petrobras teria abastecido contas ilegais na Suíça em nome do parlamentar, da mulher e de Danielle Dytz
atualizado
Compartilhar notícia
Os advogados de Danielle Dytz, filha do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), enviaram nesta terça-feira (8/3), ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para manter na Suprema Corte as investigações contra ela no âmbito da Operação Lava Jato.
A manifestação se opõe a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defende o desmembramento do inquérito baseado em indícios de que propina da Petrobras teria abastecido contas ilegais na Suíça em nome do parlamentar, da mulher, Claudia Cruz, e da filha. Segundo Janot, como não têm direito a foro privilegiado, Danielle e Cláudia devem ser investigadas pelo juiz Sérgio Moro, na primeira instância, em Curitiba.
Defesa
Segundo os advogados de Danielle, o pedido feito por Janot para desmembrar os casos dificultaria a defesa por causa da “clara imbricação das condutas dos investigados”. Na manifestação, a defesa da filha do parlamentar diz não haver como separar a análise da conduta atribuída a ela e à madrasta das práticas criminosas pelos quais seu pai já foi denunciado.
“O requerimento de desmembramento do feito em relação à ora requerente contrasta simultaneamente com a jurisprudência do STF e com a postura adotada pelo próprio PGR nos procedimentos investigativos e denúncias ofertadas no âmbito da mesma denominada Operação Lava Jato”, alegam os advogados.
Ontem, os advogados da jornalista Cláudia Cruz, mulher de Cunha, apresentaram um pedido no mesmo sentido. Cláudia é apontada como titular de uma das contas da qual Danielle seria beneficiária. A conta em nome de Cláudia foi registrada no nome fantasia de Kopek e pagou gastos de cartão de crédito, academia de tênis na Flórida e cursos na Espanha e no Reino Unido.
Na semana passada, o peemedebista se tornou o primeiro réu no Supremo no âmbito da Lava Jato por causa do processo que investiga o recebimento de vantagens ilegais em contratos de compra de navios-sonda com a Petrobras.
Ontem, o ministro Teori Zavascki autorizou a abertura de um novo inquérito – desta vez, baseado em indícios de que o parlamentar teria recebido R$ 52 milhões em propina nas obras do Porto Maravilha.