Gilmar Mendes: “Não imaginei que havia um potencial facínora na PGR”
O ex-procurador-geral Rodrigo Janot revelou nessa quinta-feira (26/09/2019) episódio em que planejou matar ministro do STF
atualizado
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou nesta sexta-feira (27/09/2019) que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot está com abstinência desde que deixou o cargo, em setembro de 2017. Mendes reagiu às revelações do ex-chefe do Ministério Público Federal (MPF), que contou nessa quinta-feira (26/09/2019) o episódio em que planejou matar o ministro e, em seguida, tirar a própria vida.
“Não imaginava que tivéssemos um potencial facínora comandando a Procuradoria-Geral da República”. Para o ministro, os presidentes que o escolheram devem ter a “autorresponsabilidade” de indicar alguém tão desprovido de condições para a função.
Gilmar Mendes participou de um evento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na manhã desta sexta-feira e comentou as recentes declarações de Janot. “Trata-se de um problema grave de caráter psiquiátrico, mas não atinge somente a mim, atinge a todas as medidas que ele pediu e foram deferidas no Supremo Tribunal Federal“, destacou.
“Entendo que, na verdade, elas [as denúncias] foram feitas por um tipo de pessoa com essa personalidade e precisam ser analisadas a partir dessas perspectivas”, frisou.
O ministro do STF criticou a forma como é conduzida a escolha do procurador-geral da República. Hoje, a indicação é feita pelo presidente, que pode ou não atender à lista tríplice elaborada pela Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR).
“Isso mostra como errado é esse sistema corporativista de escolha de membros do Ministério Público para essa função [da PGR]. Isso [revelações de Janot] é um pouco o fim de um modelo. Passaram a escolher pessoas que não tinham qualificação jurídica, moral e psicológica. O modelo deu errado”, concluiu o ministro.
Em maio de 2017, Janot, na condição de chefe do MPF, pediu o impedimento de Gilmar na análise de um habeas corpus de Eike Batista com o argumento de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atuava no escritório de Sérgio Bermudes, que advogava para o empresário.
Em ofício de defesa enviado ao então presidente do STF, Gilmar afirmou que Letícia Ladeira Monteiro de Barros, filha de Janot, advogava para a empreiteira OAS em processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Entenda
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot revelou nessa quinta-feira (26/09/2019) intenção de matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e depois tirar a própria vida.
“Cheguei no meu limite e fui armado”, relatou o ex-PGR. “A minha ideia era de que ia dar um tiro na cara dele e depois ia me suicidar, na antessala do Supremo”, detalhou. Janot explicou que os dedos das mãos direita e esquerda tinham travado quando ele tentou puxar o gatilho e atirar em Gilmar. Por fim, contou que passou mal e saiu do lugar. Ouça o áudio aqui.
Nesta sexta-feira (27/09/2019), Gilmar Mendes reagiu com indignação à revelação de que o ex-procurador-geral foi armado ao prédio da Corte com a intenção de matá-lo. Em nota enviada à imprensa, o ministro chamou a intenção revelada de “atitude tresloucada”.
“Nada mais resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia”, complementou.
Por fim, Gilmar recomendou que Rodrigo Janot procure ajuda psiquiátrica.