“Fizemos aquilo que é correto”, diz promotor do Gaeco
Leonir Batisti diz não ter interesse político-eleitoral na ofensiva contra os presidenciáveis do PT e do PSDB e o ex-governador do Paraná
atualizado
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O promotor do Grupo de Combate ao Crime Organizado de Curitiba (PR) Leonir Batisti afirmou nesta sexta-feira (14/9) não ter “partido, cor ou intenção de prejudicar alguém”, em reação a procedimento administrativo aberto pelo Conselho Nacional do Ministério Público contra promotores responsáveis por apresentar denúncias contra Fernando Haddad, candidato à Presidência pelo PT, o presidenciável Geraldo Alckmin, do PSDB, e Beto Richa, ex-governador do Paraná e candidato ao Senado pelo PDSB, que teve sua prisão temporária revogada nesta sexta-feira (14/9) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.
Batisti é um dos responsáveis pelo pedido de prisão de Richa, ocorrida na terça-feira (11), no âmbito da Operação Rádio Patrulha – investigação sobre supostas propinas de R$ 67 milhões ao tucano em contratos de manutenção de estradas rurais no interior do estado.
“É ruim ter sido nesse momento? É ruim, mas estamos muito tranquilos na avaliação de termos feito aquilo que é correto fazer do ângulo de promotores”, afirmou Batisti, ao rechaçar suposto interesse político-eleitoral na ofensiva contra os presidenciáveis do PT e do PSDB, além do ex-governador do Paraná.
O pedido de investigação contra os promotores foi feito pelo conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, aliado do senador Renan Calheiros (MDB-AL) no Conselhão do MP.
Após a ofensiva de Bandeira, o presidente da Comissão de Preservação da Autonomia do Ministério Público, Marcelo Weitzel Rabello de Souza, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), abriu um Procedimento Interno para apurar “possível violação à autonomia do Ministério Público Brasileiro”. A decisão acolheu pedido de providências encaminhado pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp).
“Pagos pela sociedade”
O promotor Batisti disse ter procurado o Gaeco há cerca de 4 meses. “Fomos procurados em maio deste ano. Então, desculpem, ao contrário do que alardearam, não estamos investigando há 4 anos alguma situação que nós teríamos segurado para posteriormente aproveitar algum momento que coincide com o período de campanha eleitoral”, afirmou.
“Quero deixar muito claro que isso não aconteceu”, segue Batisti. “Os fatos foram acontecendo a partir de maio, quando submetemos a colaboração (do empresário Tony Garcia) ao Judiciário para homologação, que por motivos variáveis também demorou”, prosseguiu o promotor. “Então, àqueles que supõem que escolhemos uma data, lamento dizer que estão enganados. Verdadeiramente, não manipulamos nada, não é nossa intenção e não vamos fazer”, acrescentou.
“Somos do Poder Público e somos pagos pela sociedade para fazer isso que estamos tentando fazer, então o paradoxo é algumas pessoas acharem que a gente deva deixar para depois”, seguiu o promotor. “O que eu penso ser errado, e eu jamais me prestaria a tal função, é iniciar alguma situação ou buscar deliberadamente prejudicar alguma candidatura, seja do partido verde, amarelo etc”, concluiu.
Críticas
Além da ofensiva do conselheiro, a prisão de Beto Richa e as ações contra o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador Geraldo Alckmin, estes dois candidatos ao Palácio do Planalto, também repercutiu no Judiciário.
Gilmar Mendes, do Supremo, criticou na quarta-feira (12) o “hiperativismo” do Judiciário em relação a processos movidos contra candidatos do pleito de 2018. Segundo o ministro, há um notório “abuso de poder de litigar” e um risco de tumulto ao processo eleitoral, quando questionado sobre as ações e investigações contra os candidatos.
“Nós sempre pensamos: algumas pessoas têm como esporte criticar o Ministério Público e inclusive pessoas de alta representatividade na República. Então nós, quando avaliamos esta circunstância da nossa investigação, sabemos ser um contra-ataque”, avalia Batisti.
Para ele, “há pessoas que dizem: ‘mas precisavam pleitear a prisão ou não?’ A gente sabe disso. Existem polêmicas que fazem parte”, afirma o promotor do Gaeco do Paraná.