metropoles.com

Fachin diz que “legítima defesa da honra” é odiosa e inconstitucional

O ministro do STF aponta que conquistas como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio não podem ser ignoradas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Nelson Jr./SCO/STF
Fachin, que é relator do processo, também pediu manifestações da Procuradoria-Geral da República e da Advocacia-Geral da União
1 de 1 Fachin, que é relator do processo, também pediu manifestações da Procuradoria-Geral da República e da Advocacia-Geral da União - Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou como “odiosa” a tese da “legítima defesa da honra” e proferiu o terceiro voto para tornar o argumento inconstitucional. Na manifestação assinada nessa segunda-feira (8/3), Dia Internacional da Mulher, o ministro aponta que conquistas como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio não podem ser ignoradas pelo tribunal do júri a partir de quesitos genéricos.

Embora não prevista na Constituição, a “legítima defesa da honra” se vale da prerrogativa de ampla defesa concedida aos réus nos tribunais de júri, que podem apelar a qualquer argumento pela absolvição, incluindo a clemência.

Um caso emblemático envolvendo o argumento ocorreu em 1976 no julgamento de Doca Street, assassino confesso da socialite Ângela Diniz.

Fachin acompanhou o ministro Dias Toffoli, que baixou uma liminar no final de fevereiro para proibir o uso da legítima defesa da honra nos júris do país. A medida está sendo agora discutida pelo plenário do Supremo em julgamento virtual, com previsão de ser encerrado na próxima sexta-feira (12/3).

Em seu voto, Fachin afirmou que o ordenamento jurídico não veda a investigação sobre a “racionalidade mínima” que deve guardar toda e qualquer decisão, incluindo as do júri.

Racionalidade e de objetividade

“Se é certo que o Tribunal do Júri guarda distinções em relação à atividade judicial típica, não deixa de ser também um julgamento, isto é, a aplicação de uma norma jurídica a um caso particular e, como tal, deve guardar um mínimo de racionalidade e de objetividade”, apontou Fachin. “A importante tarefa de julgar não pode ser um jogo de dados”.

Fachin defendeu que as decisões devem permitir aos Tribunais de Apelação a identificação da causa de absolvição como forma de evitar uma absolvição a partir da legítima defesa da honra. O ministro apontou que “júri é participação democrática’, mas uma ‘participação sem justiça é arbítrio”.

“Seja qual for a tese escolhida, havendo um mínimo lastro probatório, ainda que haja divergência entre as provas, deve prevalecer a decisão do júri”, frisou.

“De outro lado, não se podendo identificar a causa de exulpação ou então não havendo qualquer indício probatório que justifique plausivelmente uma das possibilidades de absolvição (…) pode o Tribunal, provendo o recurso da acusação, determinar a realização de novo júri, sob pena de se transformar a participação democrática do júri em juízo caprichoso e arbitrário de uma sociedade ainda machista e racista”.

4 imagens
Ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes
1 de 4

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin

Michael Melo/Metrópoles
2 de 4

Ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin

Nelson Jr./SCO/STF
3 de 4

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes

EBC
4 de 4

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?