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Esquema de empreiteira em SP começou com Maluf há 40 anos, diz delator

O ex-presidente da Odebrecht Pedro Novis disse que no início da década de 1980 havia estrutura na empresa para atender demandas de caixa 2

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Votação na Câmara dos Deputados do impeachment ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff – Brasília – DF 17/04/2016
1 de 1 Votação na Câmara dos Deputados do impeachment ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff – Brasília – DF 17/04/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O ex-presidente da Odebrecht Pedro Novis afirmou em depoimento de delação premiada ao Ministério Público Federal (MPF) que a corrupção de agentes públicos e políticos em São Paulo começou no governo Paulo Maluf (1979-1982). O político atualmente é deputado federal pelo PP.

Novis disse que, no início da década de 1980, a Odebrecht havia acabado de comprar a CBPO, construtora com forte atuação em São Paulo, quando descobriu que “havia uma estrutura já montada na organização para atender as demandas de campanhas e das obras relativas à caixa 2”.

O executivo disse que Maluf, então governador paulista pela Arena, partido de sustentação do regime militar, tinha “participação nos contratos” de obras públicas. “De 80 a 82, nós já encontramos uma relação do Paulo Maluf com a organização da CBPO. Ele já tinha participação nos contratos, um porcentual nos contratos”, afirmou.

Ele listou aos procuradores duas obras nas quais tinha conhecimento de pagamento de propina ao então governador pela CBPO. A duplicação da estrada de ferro Campinas-Santos, da Fepasa, e a construção civil da Hidrelétrica de Rosana, conhecida como Porto Primavera, que pertence a Cesp, estatal energética de São Paulo.

“Os recursos eram gerados a partir de subempreiteiras que superfaturavam ou partir da compra de terrenos superfaturados”, relatou aos procuradores. Segundo Novis, a construtora pagava propina, por exemplo, para que o governo reajustasse os preços dos contratos por causa da hiperinflação do período, que chegava a superar 80% ao mês.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou o material com os fatos ilícitos narrados em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de arquivamento, alegando que Novis não apresentou provas e que dificilmente seria possível obtê-las mais de 30 anos após a execução dos possíveis crimes.

O ministro Edison Fachin, relator da Lava Jato no STF, acolheu o pedido de arquivou a petição de Janot na semana passada. Em março, Maluf havia comentado publicamente o fato de não constar da lista de pedidos de investigação de Janot. “Não só estou na Lava Jato e na lista do Janot como não estou no mensalão”, escreveu em uma rede social.

A assessoria do deputado Paulo Maluf informou que ele não vai se manifestar a respeito.

Quércia
Outro fato narrado por Novis aos procuradores e que foi arquivado é o pagamento de propina ao ex-governador Orestes Quércia (1987-1991) como contrapartida pela participação da CBPO em obras públicos paulistas, como rodovias e estações de metrô.

“Orestes Quércia foi o programa grandes obras rodoviárias. O que eu citaria com destaque a rodovia Carvalho Pinto, que nós fizemos um trecho. E os contratos com o Metrô de São Paulo, as estações de metrô da (Avenida) Paulista”, disse. Quércia morreu em 2010.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do PMDB de São Paulo e ainda não obteve retorno. O partido passou à reportagem o contato do centro empresarial da família de Orestes Quércia, que não foi localizada na tarde desta quinta-feira (20/4). O espaço está aberto para manifestação.

Já a assessoria de imprensa de Paulo Maluf (PP) afirmou que o deputado federal não vai se manifestar.

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