Espanha pede 8 anos de prisão a militar preso com cocaína
Autoridades também querem multa de cerca de R$ 18 milhões para Manoel Silva Rodrigues, preso desde o dia 26 de julho em Sevilha
atualizado
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A Promotoria da Espanha pediu a pena de oito anos de prisão e uma multa de € 4 milhões (cerca de R$ 18 milhões) para o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, preso desde o dia 26 de julho em Sevilha, na Espanha, quando tentava desembarcar do avião reserva da comitiva presidencial com 39 kg de cocaína.
No documento, a Promotoria alega que a droga encontrada tinha 80% de pureza e, em seu entendimento, o objetivo era vendê-la a terceiros. Ainda de acordo com a publicação, ainda não se sabe se o receptor da cocaína era algum grupo de Sevilha ou de outro local da Espanha.
Visita de militares brasileiros
O sargento do Exército recebeu há alguns dias a visita de uma comitiva de militares brasileiros que viajaram à Espanha para interrogá-lo sobre o caso.
De acordo com informações do jornal Diario de Sevilla e confirmadas por fontes ligadas ao caso, os militares brasileiros foram à Promotoria de Cooperação Internacional, em Sevilha, para interrogar o acusado, preso preventivamente, e descobrir, entre outros detalhes, se ele já havia cometido algum crime antes.
No entanto, Silva Rodrigues não quis depor e apenas defendeu as pessoas que o acompanhavam no momento em que ele foi detido, alegando que nenhuma delas teve envolvimento com o caso.
O sargento está em prisão provisória em Sevilha, sem direito a fiança. Apesar de o Inquérito Policial Militar (IPM) aberto pela Força Aérea Brasileira (FAB) ter sido finalizado, pedindo que o sargento seja condenado por tráfico de drogas, o que lhe custará a expulsão da corporação e ao menos 15 anos de prisão, dois outros processos estão em curso. Um no Brasil, comandado pela Polícia Federal, e outro na Espanha.
Relembre o caso
Ao ser preso em Sevilha com a droga, o sargento declarou à Justiça espanhola que não sabia que sua bagagem continha cocaína. Silva Rodrigues fez ao menos 30 viagens nacionais e internacionais em aviões da Força Aérea nos últimos cinco anos. Em algumas delas, ele integrava a equipe de servia, diretamente ou em apoio, os últimos três ex-presidentes Michel Temer, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.
O sargento não estava no avião que atenderia ao presidente Jair Bolsonaro, mas no avião reserva, ou seja, a aeronave estava sob responsabilidade da Força Aérea e não da Presidência da República. Após este episódio, a Aeronáutica reformulou todos os procedimentos de vigilância nos embarques de bagagens e passageiros em suas aeronaves.
A droga não estava apenas na bagagem despachada do sargento, mas também em sua maleta de mão e em um porta-terno. De acordo com as investigações realizadas pela Aeronáutica, o sargento teria agido sozinho. Sua mulher, no entanto, tinha conhecimento dos atos ilícitos praticados por ele.
As ações de busca e apreensão realizadas na casa do casal revelaram que ele possuía uma coleção de relógios, um celular avaliado em R$ 7 mil e eletrodomésticos caros que pareciam recém-adquiridos.
Na noite anterior ao embarque, Silva Rodrigues esteve na Base Aérea de Brasília, de onde partiria o avião da FAB para Sevilha e onde deixou seu carro. No dia seguinte, o sargento chegou ao local do embarque com três horas de antecedência, antes dos demais passageiros e tripulantes, e colocou sua bagagem no porão, sem passá-la por detector de metais ou qualquer tipo de vigilância ou registro.
A checagem de bagagens e dos passageiros em aviões do Grupo de Transportes Especiais (GTE), órgão ao qual o sargento estava ligado, é aleatória e, neste dia, não foi realizada. A seus colegas, ele disse que viajava apenas com bagagem de mão.