Entidades denunciam governo à ONU por fala de deputado que insultou papa
As organizações dizem que o parlamentar bolsonarista violou direitos humanos ao chamar líderes católicos de “pedófilos safados”
atualizado
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As declarações do deputado estadual Frederico D’Ávila (SP), que insultou representantes da Igreja Católica, os chamando de “vagabundos” e “pedófilos”, indignaram organizações do Movimento Nacional de Direitos Humanos. As entidades decidiram denunciar o caso à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização dos Estados Americanos (OEA).
No documento, as organizações pedem que o Estado brasileiro seja obrigado a adotar medidas de responsabilização e reparação pelos danos causado por “violações dos direitos humanos” praticadas pelo parlamentar bolsonarista.
As entidades ainda pediram que a ONU e a OEA se posicionem a respeito do caso, que consideram uma “grave violação dos direitos humanos de honra, dignidade, liberdade de expressão e liberdade religiosa”.
“Ofensas diretas ao Papa Francisco, Papa da Igreja Católica e chefe do Estado da Cidade do Vaticano, Arcebispo Dom Orlando Brandes e da CNBB como representantes da Igreja Católica no Brasil se destacam, resultando em clara ofensa e discriminação contra a religião católica, um ato de violação dos direitos humanos como previstos em tratados internacionais”, diz trecho do documento.
Leia a íntegra e veja quem são as entidades:
ONU by Metropoles on Scribd
Entenda
Na tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na última quinta-feira (14/10), D’Avila, aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), chamou os líderes católicos de “vagabundos” e “pedófilos safados”.
“Seu safado da CNBB dando recadinho para o presidente [Bolsonaro], para a população brasileira, que pátria amada não é pátria armada. Pátria amada é a pátria que não se submete a essa gentalha. (…) Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito, do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos safados, a CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil.”
Após as falas repercutirem negativamente, ele soltou uma carta aberta pedindo desculpas. Mesmo reconhecendo que o pronunciamento foi “inapropriado e exagerado”, o deputado bolsonarista listou episódios de suposta pedofilia ligados a líderes católicos.
CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pediu medidas internas “eficazes, legais e regimentais” contra o deputado. Por meio de nota, o órgão repudiou os ataques do parlamentar.
De acordo com a instituição, o congressista fez comentários com “ódio descontrolado” e, assim, “feriu a missão parlamentar, o que requer imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes”.