Em carta, Lula diz que não troca “dignidade por liberdade”
Advogado do ex-presidente afirma que cliente é contra progressão de pena para o regime semiaberto. Lula quer anulação de condenação
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva resiste à pressão dos procuradores da Lava Jato, que querem mandá-lo para o regime semiaberto. Ele se reuniu nesta segunda-feira (30/09/2019) com seus advogados e entregou a eles uma carta, na qual diz que não quer trocar dignidade por liberdade.
“Tudo que os procuradores da Lava Jato deveriam fazer é pedir desculpas ao povo brasileiro, aos milhões de desempregados e à minha família, pelo mal que fizeram à democracia, a Justiça e ao país”, escreveu Lula.
“Quero que saibam que não aceito barganhar meus direitos e minha liberdade. Já demonstrei que são falsas as acusações que me fizeram. São eles e não eu que estão presos às mentiras que contaram ao Brasil e ao mundo. Diante das arbitrariedades cometidas pelos procuradores e por Sergio Moro, cabe agora à Suprema Corte corrigir o que está errado, para que haja Justiça independente e imparcial. Como é devido a todo cidadão. Tenho plena consciência das decisões que tomei nesse processo e não descansarei enquanto a verdade e a justiça não voltarem a prevalecer”, completou o ex-presidente.
Veja a imagem da carta:
Ao deixar a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, confirmou que seu cliente não quer a progressão da pena. “A partir do momento que ele não reconhece a legitimidade do processo, ele não está obrigado a aceitar qualquer condição do Estado”, declarou.
Dallagnol quer Lula livre
Os procuradores da Lava Jato, incluindo o coordenador da operação, Deltan Dallagnol, pediram à Justiça na última sexta-feira (27/09/2019) a progressão do petista para o semiaberto. Em entrevista para a rádio Jovem Pan nesta segunda (30/09/2019), Dallagnol disse que a força tarefa está apenas cumprindo a lei ao fazer o pedido. “Quando uma pessoa cumpre os requisitos todos para a progressão de regime não tem só o direito, mas o Estado não pode exercer seu poder de prisão para além do que tem direito. Assim, uma vez cumpridos os requisitos, normalmente os réus pedem a progressão. Se o réu não pedir, é obrigação nossa, do Ministério Público pedir”, expicou.
A juíza federal Carolina Lebbos, da Vara de Execuções Penais do Paraná, pediu à Superintendência da Polícia Federal no Paraná, também nesta segunda, que informe “a certidão de conduta carcerária” do ex-presidente, ou seja perguntou à corporação se o detente se comporta bem.
A juíza também pediu o cálculo atualizado do cumprimento da pena do petista, em regime fechado desde 7 de abril de 2018 pela sentença do processo do triplex do Guarujá.
Lula cumpre a pena 8 anos, 10 meses e 20 dias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em uma sala especial na sede da PF em Curitiba.