Eletrobras vai recorrer à decisão sobre devolução a consumidor
A Aneel determinou a devolução de R$ 2,998 bilhões por conta de cobranças supostamente irregulares feitas nos últimos anos pela estatal
atualizado
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A Eletrobras vai recorrer da decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de cobrar R$ 2,998 bilhões por conta de cobranças supostamente irregulares feitas nos últimos anos, para compra e distribuição de gás que abastecem usinas da Amazonas Energia, controlada pela estatal, afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Armando Casado. As cobranças envolvem dívidas que estavam sendo bancadas com repasses da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), encargo cobrado na conta de luz.
O montante, informado pela Aneel em publicação no seu site na internet no fim da tarde de quarta-feira (16) foi apurado após a agência colher argumentos e provas da Eletrobras, o que reduziu o valor inicialmente calculado. Em março, técnicos da Aneel informaram que a empresa teria recebido indevidamente R$ 3,7 bilhões dos consumidores de energia de todo o País, entre julho de 2009 e junho de 2016. A cifra de R$ 2,998 bilhões já foi atualizada até julho de 2017.
Segundo o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira, o problema está na interpretação que a Aneel está dando a resoluções. “Inclusive a gente já teve, em primeira instância, decisões judiciais que pediram para afastar a Resolução 427 e obedecer a Lei 12.111”, completou Casado.
Ferreira disse que a empresa não foi notificada da decisão da Aneel, embora ela tenha sido publicada no Diário Oficial da União. “Não estamos considerando essa hipótese (de pagar os R$ 3 bilhões). Temos o direito judicial. Existe uma decisão, que não é preliminar, é de primeira instância, só olhando para o elemento da diferença do gás, que reforça o procedimento dado pela Eletrobras. Não é uma coisa que estamos inventando”, disse Ferreira.
A diferença do gás tem a ver com pagamentos de dívidas que a Amazonas Energia tinha com a Petrobras, principal fornecedora de gás para a empresa. A estatal amazonense vinha pagando cerca de R$ 50 milhões por mês para a Petrobras, conforme um “contrato de confissão de dívida” firmado entre as empresas. Essas dívidas estavam sendo bancadas com repasses da CCC.
A decisão da Aneel paralisa esses repasses. Caberá à Amazonas Energia e a Eletrobras, portanto, definir outro caminho para quitar as dívidas com a Petrobras. Segundo a área técnica da Aneel, a Amazonas Energia chegou a bancar cerca de R$ 1 bilhão dessa conta com recursos da CCC.