“Diálogos são falseáveis”, diz Dallagnol ao confirmar que foi hackeado
O coordenador da força-tarefa da Lava Jato afirmou que não se lembra do conteúdo das mensagens, pois são cinco anos de trabalho
atualizado
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O procurador Deltan Dallagnol deu uma entrevista à CBN nesta sexta-feira (26/07/2019) e disse que sempre reconheceu que a conta dele no aplicativo Telegram foi hackeada. No entanto, ele não garante a autenticidade dos diálogos publicados pelo site The Intercept Brasil, em uma série de reportagens desde o dia 9 de junho.
“Várias análises mostraram que os diálogos são falseáveis. A origem são pessoas acusadas de crimes, inclusive de falsificação, e quem tem o documento com os diálogos não o apresentou para verificação”, disse.
Durante a entrevista, o coordenador exemplificou a possibilidade de as mensagens terem sido editadas com um diálogo publicado em que os procuradores citam uma denúncia contra venezuelanos. De acordo com Deltan, isso nunca aconteceu.
O coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba afirmou que não se lembra do conteúdo das mensagens, pois “são cinco anos intensos de Lava Jato”. Segundo ele, foram trocadas centenas de milhares de mensagens.
Dallagnol reiterou que os diálogos com o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, sempre foram feitos de maneira ética e legal. Para ele, Moro sempre agiu com imparcialidade. “A operação envolveu o Lula, João Vaccari [ex-tesoureiro do PT], Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, funcionários da Petrobras, operadores financeiros, lavadores de dinheiro… Qual seria o interesse comum que um juiz teria em toda essas pessoas a não ser produzir justiça?”, questionou.
Sobre a palestra que teria feito para uma empresa citada na Lava Jato, a Neoway, Deltan afirmou não ter agido fora da lei.
“É uma atividade legal, legítima, que leva à discussão sobre o combate à corrupção para a sociedade. Não dou palestras a empresas investigadas ou vítimas da Lava Jato, como já recusei em várias ocasiões. Quando tomei conhecimento da citação da Neoway, em meados de 2018, informei a todos os colegas, me declarei suspeito do caso”, justificou à rádio.