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Delator da Odebrecht relata caixa 2 de R$ 9 mi a pedido de Aécio

O ex-presidente da Construtora Odebrecht Benedicto Júnior depôs nesta quinta-feira (2/3) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

atualizado

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Sessão do Senado Federal – Brasília(DF), 22/02/2017
1 de 1 Sessão do Senado Federal – Brasília(DF), 22/02/2017 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O ex-presidente da Construtora Odebrecht Benedicto Júnior, um dos delatores da Operação Lava Jato, disse nesta quinta-feira (2/3), em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na campanha de 2014 repassou R$ 9 milhões a políticos do PSDB e do PP e ao marqueteiro tucano a pedido do então candidato à Presidência Aécio Neves — presidente nacional da sigla. Segundo Benedicto, a doação foi feita via caixa 2.

O ex-dirigente não disse que se encontrou ou se tratou pessoalmente com Aécio sobre as doações. A audiência, realizada na sede do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro, faz parte da Ação de Investigação Judicial Eleitoral aberta a pedido do PSDB contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por suspeita de abuso de poder econômico na campanha presidencial.

Questionado por advogados que compareceram à sessão, Benedicto relatou que R$ 6 milhões foram repassados para Antonio Anastasia (PSDB) — que foi eleito senador em 2014 —, para o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) — que concorreu ao governo de Minas — e Dimas Fabiano Toledo Júnior (PP) – eleito deputado federal e filho do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo.

Os outros R$ 3 milhões, ainda segundo o ex-presidente da Construtora Odebrecht, foram pagos ao publicitário Paulo Vasconcelos, marqueteiro de Aécio na campanha presidencial. O combinado, segundo o executivo, era um pagamento no total de R$ 6 milhões para Vasconcelos, mas só foi possível repassar a metade.

Aécio e Anastasia negaram qualquer irregularidade na campanha de 2014. O ex-executivo da Odebrecht — conhecido na empreiteira como BJ — não pôde dar mais detalhes. Ele foi advertido pelo ministro de que as doações ao PSDB são objeto estranho à investigação. Benedicto disse que não tinha ciência de doações à campanha nacional, pois cuidava apenas de doações estaduais.

Segundo testemunhas do relato do ex-executivo, ele afirmou que não poderia dizer se os pagamentos foram realizados em dinheiro. Um advogado o questionou sobre a forma das doações. Ele admitiu repasses não contabilizados, o caixa 2. Disse que, em geral, são feitos via caixa 1, ou caixa 1 por terceiros — citou a cervejaria Itaipava que segundo o empreiteiro Marcelo Odebrecht era usada como “laranja” para repasses a políticos.

“Quando é por caixa 2 como é feito o pagamento?”, perguntou um outro presente à sessão. “É dinheiro, em espécie”, respondeu Benedicto.

Marcelo Odebrecht
Na quarta-feira (1º), em Curitiba, também em depoimento na Justiça Eleitoral, Marcelo Odebrecht disse que Aécio pediu R$ 15 milhões às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial de 2014. Segundo relatos, Marcelo Odebrecht disse que no primeiro momento se recusou a atender ao pedido sob a alegação de que já teria feito doações a Aécio nas fases de campanha e pré-campanha

O tucano, então, solicitou recursos para aliados e ficou definido que o superintendente da Odebrecht em Minas Gerais Sérgio Neves ficaria responsável por viabilizar os repasses por parte da empreiteira e Oswaldo Borges da Costa Filho, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codeminas) por parte do senador mineiro.

Sérgio Neves é um dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht que fizeram delações premiadas na Operação Lava Jato. Borges da Costa Filho é apontado como homem de confiança de Aécio durante a passagem do tucano pelo governo mineiro.

Conforme pessoas que acompanharam o depoimento, Marcelo Odebrecht não especificou se os R$ 15 milhões seriam repassados em forma de doações eleitorais contabilizadas ou caixa 2.

As perguntas sobre as doações a Aécio foram feitas pelo advogado de Dilma na ação no TSE, Flávio Caetano.

Defesas
A assessoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta quinta-feira, 2, que ele “solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei”. “Como já foi divulgado pela imprensa, o empresário Marcelo Odebrecht, que dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doações feitas à campanha presidencial do senador Aécio Neves em 2014 foram oficiais.”

Já a assessoria do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) disse, em nota, que o parlamentar “nunca tratou, no curso de toda sua trajetória pessoal ou política, com qualquer pessoa ou empresa sobre qualquer assunto ilícito”.

A assessoria do PSDB disse, também por nota, que só recebeu doações oficiais da empreiteira e que “em nenhum momento Marcelo Odebrecht disse ter feito qualquer contribuição de caixa 2 à campanha eleitoral do partido em 2014, o que ficará demonstrado após o fim do sigilo imposto às declarações”.

Ainda segundo o partido, “Oswaldo Borges nunca foi tesoureiro informal de nenhuma campanha do PSDB, tendo atuado sempre de forma oficial” e “R$ 15 milhões foi o valor doado oficialmente pelo grupo Odebrecht à campanha do PSDB de 2014”.

A Odebrecht afirmou que não se manifestaria sobre conteúdo do depoimento de pessoas físicas. Procurados, Paulo Vasconcelos, Pimenta da Veiga e Dimas Toledo Filho não foram localizados pela reportagem.

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