Delator dá nova versão sobre repasse para amigo do presidente Temer
Ex-diretor da Odebrecht disse, segundo jornal, que não foi o operador financeiro Lúcio Funaro que levou doação a José Yunes
atualizado
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As investigações baseadas na delação do ex-diretor da Odebrecht José Carvalho Filho no âmbito da Operação Lava Jato comprometem o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, mas diferem da versão de José Yunes, ex-assessor especial e amigo do presidente Michel Temer. Isso porque, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, o ex-dirigente da empreiteira relata que um operador financeiro da empresa levou dinheiro da campanha de 2014 ao escritório de advocacia de Yunes, em São Paulo.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) intimou José Filho a depor nesta sexta-feira (10/3) na ação que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff/Michel Temer. O ex-diretor deve revelar o nome do operador que teria levado o dinheiro ao escritório de Yunes.
O advogado recorreu à Procuradoria-Geral da República (PGR) para se explicar após ser mencionado como destinatário do montante. Yunes afirmou que o operador financeiro Lúcio Funaro, ligado ao ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso, levou “um pacote” ao seu escritório a pedido de Padilha. Ele disse que desconhecia o conteúdo.José Filho relata que houve entrega de dinheiro da Odebrecht no escritório de Yunes por um operador do chamado Departamento de Operações Estruturadas, setor responsável pelo pagamento de propina na empreiteira. O ex-dirigente salienta que o operador que teria levado o dinheiro a Yunes não é Lúcio Funaro.
A declaração de Yunes corrobora o depoimento do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho que disse, em delação premiada, que o escritório de Yunes era um dos lugares usados para o depósito de dinheiro destinado às campanhas do PMDB.
A defesa de Funaro disse ao jornal que vai processar Yunes por calúnia e pedir uma acareação entre o ex-assessor da Presidência, Padilha e Melo Filho para negar as declarações. O operador está preso desde julho pela Lava Jato sob suspeita de comandar com o ex-deputado Eduardo Cunha esquema de arrecadação de propinas de grandes empresas. Os dois são muito próximos.