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Delator da JBS diz que Temer “roubou” R$ 1 milhão em propina

Ricardo Saud disse que o peemedebista teria recebido R$ 15 milhões do PT para a campanha de 2014, mas guardado R$ 1 milhão

atualizado

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Michel Temer propina jbs lava jato
1 de 1 Michel Temer propina jbs lava jato - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

As delações do grupo JBS complicam cada vez mais o presidente Michel Temer (PMDB). Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) no dia 5 de maio deste ano, Ricardo Saud, diretor da empresa, disse que o peemedebista teria recebido R$ 15 milhões de um saldo que o Partido dos Trabalhadores (PT) tinha com a empresa para distribuir entre partidários, em 2014. O presidente, no entanto, teria decidido “guardar” R$ 1 milhão.

A revelação consta em um vídeo de 23 minutos divulgado à imprensa nesta sexta-feira (19/5) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Luiz Edson Fachin determinou a abertura de inquérito para investigar Temer, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) por corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.

De acordo com o depoimento de Saud, o repasse a Temer foi aprovado pelo ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, apontado como o articulador das propinas da JBS no BNDES. O dinheiro teria sido distribuído da seguinte forma: R$ 9 milhões ao PMDB nacional, pagos em cinco parcelas; R$ 3 milhões ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ); e R$ 2 milhões ao publicitário Duda Mendonça, como parte do pagamento pela campanha do empresário Paulo Skaf ao governo de São Paulo.

O R$ 1 milhão restante, Temer teria decidido guardar para si mesmo. De acordo com o delator, o dinheiro foi entregue a um “coronel Lima”, na sede da Argeplan Arquitetura e Engenharia, na Vila Madalena, em São Paulo. A empresa é de propriedade do coronel da PM João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, e alvo de investigações da Operação Lava Jato. Na delação, Ricardo Saud chega a afirmar que considerou a atitude do presidente “deselegante”:

O Michel Temer fez uma coisa até deselegante, porque nessa eleição só vi dois caras roubar deles mesmos. Um foi o Kassab, o outro o Temer. O Temer me deu um papelzinho e falou: ‘Ó, Ricardo, tem R$ 1 milhão que quero que você entregue em dinheiro nesse endereço aqui’. O Temer falou isso. Na porta do escritório dele, na calçada. Só eu e ele na rua, na Praça Panamericana

Ricardo Saud, diretor da JBS

Saud afirma ainda que Gilberto Kassab, ex-ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações do governo Dilma Rousseff, também usou dinheiro de caixa 2 em proveito próprio. “Eu já vi o cara pegar o dinheiro da campanha e gastar na campanha. Agora, ganhar um dinheiro do PT e guardar pra ele no bolso dele, eu acho muito difícil. Aí, ele e o Kassab fizeram isso. Só o Temer e o Kassab guardaram o dinheiro pra eles usarem de outra forma”, garantiu, em depoimento no MPF.

No mesmo depoimento, Ricardo Saud afirma que Temer coordenava a distribuição de propinas no PMDB. De acordo com o delator, no dia 4 de julho de 2014, o ex-ministro Guido Mantega determinou a Joesley Batista que distribuísse R$ 35 milhões do saldo da empresa no BNDES a cinco senadores peemedebistas.

Os beneficiários seriam Valdir Raupp (R$ 2 milhões), Renan Calheiros (R$ 8 milhões), Jader Barbalho (R$ 8 milhões), Eduardo Braga (R$ 8 milhões), e Vital do Rêgo (R$ 8 milhões). Além disso, R$ 1 milhão deveria ser destinado ao diretório estadual do PMDB em Tocantins. Joesley Batista teria pedido para que Ricardo Saud informasse a divisão da propina ao então vice-presidente Michel Temer.

De acordo com o delator, Temer reagiu contrariado à divisão e pediu a suspensão dos repassses. O presidente então teria dito que “reassumiria o PMDB” e, alguns dias depois, ordenou a partilha dos R$ 15 milhões citados.

O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre a declaração de Saud. A delação da JBS jogou o presidente da República no olho do furacão da crise política e das denúncias de corrupção. Mesmo assim, em pronunciamento à nação nesta quinta-feira (18), o presidente, que é alvo de pedidos de impeachment no Congresso Nacional, disse que não vai deixar o cargo. “Não renunciarei. Repito, não renunciarei.”

 

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