Defesa de Lula diz ao STF que Lava Jato tinha “plano político”
Em mais uma petição, advogados do presidente indicam diálogos atribuídos a Deltan Dallagnol com alusões à “campanha” de 2018
atualizado
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Em nova petição apresentada nesta terça-feira (9/3) ao Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusam procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, de se articularem para influenciar nas eleições no país.
A petição aponta que, em conversas entre os participantes da operação, a Lava Jato teria formulado e aderido a projetos que contemplavam, dentre outros pontos, financiar e selecionar candidatos para as futuras eleições do país, com expressa alusão à “campanha” e a “políticos em quem não votar”.
A petição faz parte de uma série de documentos que a defesa do ex-presidente tem apresentado à Corte a partir de conversas interceptadas por um hacker e investigada pela Operação Spoofing, da Polícia Federal. O MPF-PR não confirma a autenticidade das mensagens e ressalta que elas são fruto de uma ação criminosa envolvendo hackers. O Metrópoles entrou em contato com a força-tarefa e aguarda manifestação.
“Fora da caixinha”
O material apresentado nesta terça inclui áudios com conversas atribuídas ao coordenador da força-tarefa, o procurador Deltan Dallagnol, que teria pedido aos colegas para deixarem seus “corações abertos” para pensarem “fora da caixinha” na elaboração de denúncia para indicar que Lula “era a conexão entre todos”.
Embora não se tenha a data da fala do procurador, a conversa, para os advogados de Lula, é clara referência ao arquivo de Power Point exibido em 14 de julho de 2016, que apresentou o ex-presidente no centro de uma organização criminosa. Em um dos áudios, Dallagnol teria dito que “o tempo até as eleições é curto” o que, para a defesa de Lula, aponta a motivação política da acusação.
“O material analisado mostra que, na prática, a Lava Jato se arvorou no direito de definir quem poderia ser candidato e quem não poderia ser candidato no país, em atividade claramente estranha às atribuições de membros do Ministério Público e aos preceitos e fundamentos estruturantes da Constituição da República”, diz a petição.
“E mais: essa condução, essencialmente político-partidária, segundo as mensagens, buscava contar com recursos de empresas que eram alvo da Lava Jato, na forma de consultorias que seriam ‘sugeridas’ para o cumprimento de acordos de cooperação”, acusa.
“O novo material analisado mostra, igualmente, que a utilização de uma parte do Sistema de Justiça para interferir no cenário político do país foi muito além do impedimento ilegal”, disse a defesa.
Ação política
A tese dos advogados de Lula é de que a Lava Jato “atuava para condenar” o ex-presidente, ao mesmo tempo que alguns dos membros agiam em “frentes políticas condizentes com a atuação de um partido político”. ”
Essa atuação, segundo a defesa, envolvia a elaboração de projetos de lei (inclusive para tratar da nomeação de ministros do Supremo Tribunal Federal), gestão perante órgãos políticos e militantes políticos e, ainda, na obtenção de financiamento e até mesmo na seleção de candidato.
Uma mensagem de 26 de outubro de 2017, destacada pelos advogados, aponta que Dallagnol teria relatado depois aos procuradores uma reunião que manteve com Rogério Cheker, líder do movimento Vem Pra Rua.
Dallagnol teria apontado iniciativas do movimento. “Eles têm 2 iniciativas: 1) uma “lista negra” (nome politicamente correto: “tchau querido”) de políticos em quem não votar.”
Leia a íntegra da petição apresentada pela defesa do ex-presidente Lula:
Manifestação e 10o. Relatório Unificados by Juliana Barbosa on Scribd